"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

domingo, 16 de setembro de 2012

A era prateada

















O fim acrimonioso dos Hüsker Dü era algo mais ou menos previsível para os seguidores mais próximos. Afinal de contas, a raiva incontida que se libertava na música do trio vivia de uma dinâmica que incluía álcool e drogas em quantidade, e as tensões latentes entre os seus dois vocalistas/compositores. O suicídio do manager de sempre, eventual peça unificadora, acabaria por ser a gota de água. A perda foi lamentável, pois extinguiu-se uma banda no pleno das suas forças mas, por outro lado, transmitiu-se uma herança imaculada para aquilo que seria a explosão "alternativa" de inícios de noventas. Convém lembrar que, neste particular, os Hüsker Dü foram, talvez, a banda mais determinante na aceitação massificada de gente como os Pixies, os Nirvana ou os Sonic Youth. Os caminhos separados tiveram diferentes níveis de exposição, com Grant Hart mais discreto e errático, muito por culpa do longo período de dependência das drogas, mas com uma obra deveras interessante. Bob Mould, por seu turno, foi alvo de maiores atenções. Esta exposição, que não raras vezes entrava pelo foro privado, obrigou a um longo período de expiação dos demónios, reflectido nas indecisões quanto ao rumo a dar à carreira a solo. As opções estéticas, com diferentes graus qualitativos, passaram pela música acústica, o rock furioso e descarnado, e até a electrónica.

Hoje, na sua meia idade, Bob Mould é uma pessoa diferente do puto de vinte e poucos que se viu catapultado para a primeira linha do indie-rock norte-americano. Domado o angst de outrora, é uma figura respeitada e respeitável, mesmo quando a obra musical não é propriamente digna de nota. Não é esse o caso do novíssimo Silver Age, já o décimo álbum de uma carreira com altos e baixos, que arrisco a eleger como o mais coeso de todos os seus trabalhos em nome próprio. As afinidades com a sonoridade dos Sugar, o seu "outro" power-trio lendário, são por demais evidentes. Portanto, Silver Age é uma monstruosidade guitarrística, rico em emaranhados de riffs, electricidade, distorção, e uma singular carga melódica, mesmo nos registos próximos da balada, algo que também já conhecíamos nos Sugar. Nas letras reside, eventualmente, a grande diferença com esses tempos gloriosos, pois raramente entram pelos territórios sombrios de outrora. Neste regresso ao passado haverá dois factores que terão sido determinantes: um deles a recente rodagem pelos palcos do excelso Copper Blue (disco de estreia dos Sugar de 1992) na íntegra, o outro será o facto de, embora creditado apenas a Mould, Silver Age ter sido concebido por um trio fixo. Um dos integrantes deste colectivo é Jon Wurster, habitualmente baterista dos Superchunk, que terá incutido alguma da carga enérgica da sua banda do dia-a-dia ao disco.

 
"The Descent" [Merge, 2012]

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

First exposure #47

















MELODY'S ECHO CHAMBER

Formação: Melody Prochet (voz, instrumentos)
Origem: Paris [FR]
Género(s): Indie-Pop, Dream-Pop, Psych-Pop, French-Pop
Influências / Referências: Lush, Cocteau Twins, The Beatles, Tame Impala, Saint Etienne, Broadcast

https://www.facebook.com/MelodysEchoChamber

"I Follow You" [Fat Possum, 2012]

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Adivinha quem voltou... - Pt. 3

















Vivemos num tempo em que a nostalgia é uma indústria. Ao serviço desse negócio, já são incontáveis as bandas regressadas ao activo para tournées mais ou menos lucrativas. Nada tenho contra as opções dessas bandas - até porque muitas me possibilitaram assim vê-las em palco - porque lhes reconheço o direito à recompensa financeira que não tiveram numa primeira vida. No entanto, prefiro quando o regresso aos palcos vem acompanhado de novos discos. Três casos de interrupção de um longo silêncio, de domingo a terça feira. 

Oriundos da Nova Zelândia, os Bailter Space - ou Bailterspace, como muitas vezes assinam - não chegaram a tempo de apanhar a primeira e mui relevante vaga indie-pop daquele distante arquipélago. Formados apenas em 1987, já não alinharam pela mescla de psicadelismo e lo-fi de muitos dos seus antecessores da viragem de setentas para oitentas. No entanto, nascidos das cinzas dos abrasivos Gordons, e integrando um antigo membro dos lendários The Clean, foram facilmente absorvidos na autêntica irmandade que é "cena" neozelandesa há mais de trinta anos. Obviamente, lançaram os primeiros discos pela mítica Flying Nun Records. A sua peculiar proposta, misto de noise-rock e texturas atmosféricas, haveria de lhes valer referências como "os Sonic Youth do hemisfério sul", descrição que julgo demasiado redutora para a singularidade da música dos Bailter Space. Se por força dessas referências, se por mérito próprio, o culto em seu redor saltaria fronteiras, ao ponto da "gigantesca" Matador Records lhes garantir a distribuição americana a partir de inícios da década de 1990. Na mesma altura a banda mudava-se de armas e bagagens para Nova Iorque, atingindo um pico de popularidade por alturas da edição de Wammo (1995), disco algo incaracterístico com uma abordagem indie-rock mais ortodoxa. Depois de um longo hiato, os Bailter Space acabam de regressar aos discos com uma formação reduzida ao vocalista/guitarrista Alister Parker e ao baterista Brent McLachlan. Com a ajuda de escassos colaboradores, a dupla faz de Strobosphere um retorno à sua sonoridade característica, mesmo atendendo a que o último álbum - Solar.3 - já dista treze anos no tempo. Composto por onze faixas carregadas de fuzz, Strobosphere recupera todo o gosto dos seus autores pelas combinações de atonalidade com melodia, de beleza celestial com ruído distorcido. Se a estas características somarmos a aura spacey, e alguns discretos apontamentos electrónicos, concluímos que, mais que nunca, a sonoridade dos Bailter Space está na ordem do dia das tendências do universo indie-pop/rock. Motivos então para saudarmos o seu regresso com uma espécie de estatuto pioneiro. E em excelente forma, caso me tenha esquecido de vos ter dito.


"No Sense" [Arch Hill / Fire, 2012]


"Blue Star" [Arch Hill / Fire, 2012]

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Adivinha quem voltou... - Pt. 2

















Vivemos num tempo em que a nostalgia é uma indústria. Ao serviço desse negócio, já são incontáveis as bandas regressadas ao activo para tournées mais ou menos lucrativas. Nada tenho contra as opções dessas bandas - até porque muitas me possibilitaram assim vê-las em palco - porque lhes reconheço o direito à recompensa financeira que não tiveram numa primeira vida. No entanto, prefiro quando o regresso aos palcos vem acompanhado de novos discos. Três casos de interrupção de um longo silêncio, de domingo a terça feira. 

A história dos Redd Kross remonta a finais da década de 1970, quando os irmão Jeff e Steven McDonald ainda eram uns adolescentes impressionados com a explosão punk. Nos anos que se seguiram, e apesar da escassa produção discográfica, teriam um papel pioneiro no estabelecimento de uma linguagem indie tipicamente norte-americana. Nesse período, e embora a história nem sempre lhes faça a devida justiça, estes californianos tiveram um papel de igual importância ao de uns Sonic Youth. Aliás, foram muitas vezes companheiros de estrada da banda de Thurston Moore & C.ª, à qual terão incutido o gosto pelas referências da cultura popular e pela construção de canções dignas desse nome. A sua mistura explosiva de punk-pop e power-pop, insuflada de espírito juvenil, teria maior aceitação durante a década de 1990, com uma maior abertura do mercado e dos media às tendências ditas "alternativas". Depois de um interregno de 15 anos, e quando parece que a sua sonoridade caiu em desuso, os Redd Kross reincidem com uma formação recuperada desses tempos áureos. O primeiro resultado da reunião é Researching The Blues, álbum que é uma surpreendente descarga de adrenalina que fará a inveja de muito puto aspirante a músico rock. Seguindo por uma via classicista que evoca tanto The Beatles com The Byrds, imersos num banho power-pop profusamente melódico, o disco é um autêntico festim de riffs e refrões orelhudos. A audição é de fácil assimilação e confere que, apesar de andarem a rondar o meio século de idade, os membros dos Redd Kross não perderam o seu colorido sentido pop. De igual modo, mantêm intacto o bom humor na abordagem às referências da cultura pop, como atesta o vídeo promocional abaixo.

 
"Stay Away From Downtown" [Merge, 2012]

domingo, 9 de setembro de 2012

Adivinha quem voltou... - Pt. 1

















Vivemos num tempo em que a nostalgia é uma indústria. Ao serviço desse negócio, já são incontáveis as bandas regressadas ao activo para tournées mais ou menos lucrativas. Nada tenho contra as opções dessas bandas - até porque muitas me possibilitaram assim vê-las em palco - porque lhes reconheço o direito à recompensa financeira que não tiveram numa primeira vida. No entanto, prefiro quando o regresso aos palcos vem acompanhado de novos discos. Três casos de interrupção de um longo silêncio, de domingo a terça feira. 

Na viragem de setentas para oitentas, os nova-iorquinos The dB's constituíam o paradigma do revivalismo power-pop que haveria de condicionar as tendências do indie-rock norte-americano de então para cá. Extinguiram-se em 1988, depois de 10 anos de aclamação crítica, vendas modestas, mas um culto sólido. Dos quatro álbuns gravados até então, os dois primeiros (Stands For Decibels e Repercussion, de 1981 e 1982, respectivamente), justamente os únicos com o mentor e compositor Chris Stamey na formação, constituem a matriz da fase mais inspirada da carreira de bandas como The Posies ou Teenage Fanclub. Recentemente, Stamey viu a sua dedicação "recompensada" com o aval, pouco antes da morte daquele, do "guru" Alex Chilton ao espectáculo Big Star's Third, a homenagem de um elenco all-star à memória e ao disco "maldito" dessa figura incontornável do universo power-pop. Já reactivados desde 2005, os dB's entendem ser este o momento apropriado para o regresso aos discos, um quarto de século depois do último. Gravado pela formação original, Falling Off The Sky, já está longe do ambiente festivo do par de álbuns referido. Aposta antes numa sonoridade amadurecida, que integra alguma ortodoxia rock e até ecos de americana. Algo que a banda parece não ter perdido é o sentido melódico, algo bem patente nas onze faixas que, julgo, vão agradar aos acólitos dos contemporâneos The Hold Steady.


 
"That Time Is Gone" [Live @ SxSW 2012 - Austin; Original no álbum Falling Off The Sky (Bar/None, 2012]

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

My iron lung

















Já por mais do que umas vez vos tinha prevenido que, para gáudio pessoal, os bons velhos sons de noventas estavam no ordem do dia. Fi-lo a propósito de bandas tão díspares como os Japandroids, os Cymbals Eat Guitars, os Male Bonding, ou os Yuck. Qualquer delas recupera sem pudores as boas memórias de alvores daquela década, por ocasião da explosão "altern-rock" por via de bandas como os Superchunk, os Built to Spill, os Nirvana, ou os Teenage Fanclub, entre tantas outras. Felizmente, e ao contrário do que sucede com o infindável revivalismo da década anterior, esta "tendência" tem sido mais contida, reduzida praticamente ao underground, pelo que as hipóteses de rápido fastio são mais reduzidas.

Hoje apetece-me lançar mais uma acha para a fogueira e apresentar-vos uma banda que dá pelo nome de White Lungs. Com uma formação maioritariamente feminina, este quarteto vem de Vancouver, no Canadá, se bem se lembram aquele país que há pouco mais de meia dúzia de anos jorrava bandas a um ritmo alucinante, perfilando-se como uma espécie de terra dourada do indie-pop/rock. A triagem do tempo desfez equívocos, mas ainda assim ficaram para memória futura uma mão cheia de discos. Nos tempos que correm, o Canadá já não é propriamente o berço da mesma pop conformista para adultos burgueses armados ao "indie". Agora as referências são mais dispersas, e no caso das/dos White Lungs alinham pela facção riot-grrrl de nomes como Bikini Kill, Hole, Babes in Toyland, ou Silverfish. Exibem, pois, a crueza, a rispidez, e o empolgamento feminista daquelas mulheres iradas que as/os antecederam. Convém esclarecer que já vão com um par de álbuns, e que a vocalista Mish Way já tem algum passado em bandas de pendor punky. Porém, só agora, com o recente Sorry ganham alguma visibilidade. Este segundo disco acaba por ser o paradigma da tal urgência punk, nos seus dez temas em tempo record - menos de 20 minutos! No entanto, na sua curta duração, cada tema não se coíbe de ostentar um certo sentir melódico que o distingue da "concorrência".

 
"Bag" [Deranged, 2012]

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Mil imagens #32



Liars - Berlim, 2005
[Foto: Steve Gullick]

Teen spirit

















Em tempos que já lá vão, Teeny Lieberson esteve remetida ao discreto papel de teclista dos algo sobrevalorizados - diria mesmo irritantes - Here We Go Magic. Abandonou o barco, talvez porque pressentisse que poderia valer algo mais, e certamente porque se orientava por outras linhas estéticas. Formou a sua banda, escreveu as suas próprias canções, e revelou uma voz maleável, capaz de variações demasiado interessantes para ficarem vedadas ao grande público.

Podem conferir estas capacidades em In Limbo, o recém editado disco de estreia das TEEN (o nome deriva do da mentora, certamente), quarteto feminino que no alinhamento inclui outras duas manas Lieberson. A diferenciá-lo do mulherio norte-americano apostado em recuperar a pop de outrora está a prevalência das texturas sintéticas, por oposição à aposta da guitarras fuzzy da maioria das contemporâneas. No entanto, na aura atmosférica de In Limbo, torneada pelas nuances vocais de Teeny, não deixam também de ser evocadas as memórias girly-pop de sessentas. A este pendor revivalista não será imune o trabalho do produtor, homem versado na história da pop nos seus mais variados quadrantes. Falo-vos de Peter "Sonic Boom" Kember, uma das metades criativas dos míticos Spacemen 3 que, após um longo exílio, revela uma certa hiperactividade ao serviço das "novas" tendências. Sim, porque no caso das TEEN, não deixa de haver um pequeno senão na insistência nas já algo estafadas texturas planantes oitentistas. No balanço final, diria que In Limbo aventa a hipótese de como soariam as chatinhas Warpaint se tivessem uma pinga de sangue na guelra. E lá estou eu outra vez a entrar no campo das sobrevalorizações...

"Electric" [Carpark, 2012]

domingo, 2 de setembro de 2012

R.I.P.



HAL DAVID
[1921-2012]

Morreu ontem em Los Angeles, já com uns provectos 91 anos de idade, Hal David. O seu nome é indissociável do de Burt Bacharach, com o qual formou uma dupla responsável pela escrita de muitos dos temas pop mais emblemáticos do século XX. David era o letrista, Bacharach o compositor.

O primeiro encontro de ambos ocorreu em 1957, iniciando-se aí uma parceria que prevaleceria até inícios da década de 1970. O trabalho conjunto renderia uma míriade de hits, entre eles "Raindrops Keep Fallin' On My Head", "Walk On By", "I Say A Little Prayer", "(There's) Always Something There To Remind Me", "What The World Needs Now Is Love", "Close To You", ou "The Look Of Love", alguns premiados no meio da indústria discográfica. Os artistas contemplados com as canções da dupla incluem Dionne Warwick, Jackie DeShannon, Dusty Springfield, The Carpenters, B.J. Thomas, ou Gene Pitney. Desfeita a parceria, Hal David faria carreira, relativamente mais discreta, ao serviço dos musicais da Broadway.

Como se afere pela pequena lista de temas acima, todos eles interpretados por um sem número de artistas, Hal David marca um tempo que, sem aspirações a grande profundidade, cada canção ganhava a intemporalidade. Tempos bem diferentes destes que vivemos, em que, apesar das pretensões "artísticas" de seriedade, raras são as canções cujo prazo de validade vai para além da mudança de estação.

 
Jackie DeShannon _ "What The World Needs Now Is Love" [Live @ Shinding!, 1965]

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O jogo das diferenças #10



ELVIS PRESLEY
G.I. Blues
[RCA Victor, 1960]



THE REPLACEMENTS
Pleased To Meet Me
[Sire, 1987]

Blue Hawaii


















Durante a quase totalidade da década passada, Kody Nielson foi líder dos Mint Chicks, uma das últimas glórias do chamado kiwi-rock da Nova Zelândia e da excelsa Flying Nun Records. Praticante de uma mistura explosiva de inquietude juvenil e sentir pop, a banda seria responsável pela cunhagem da designação troublegum art-punk, deveras apropriada à sua sonoridade. Com a extinção dos Mint Chicks seguiram-se os inevitáveis projectos subsequentes que, obviamente, já não reflectem a mesma fúria de viver de outrora. O primeiro exemplo foi a Unknown Mortal Orchestra, do irmão Ruban, com as suas bizarrias de pendor psicadélico.

Agora, também Kody se deixa contaminar pela deriva psych, se bem que num quadrante bem mais aproximado da ortodoxia pop. Podem conferir em Electric Hawaii, primeiro álbum lançado na qualidade de Opossom, projecto solitário com a colaboração de uns poucos convidados. Um deles é o próprio pai, que já havia posto o trompete ao serviço dos Mint Chicks. Na sua escassa meia hora de duração, Electric Hawaii é um festim veraneante que transborda felicidade. Numa primeira abordagem, pode até sugerir aproximações ao universo dos Tame Impala, impressão que logo se desvanece com o mergulho no positivismo reinante. Aos mui louvados australianos também não se lhes reconhece igual devoção pela harmonia de Opossom, nem tão pouco a veia exótica. Neste último particular, com os ritmos contagiantes de terras distantes que percorrem a totalidade do disco, e uma vaga aura marítima, Kody faz questão de honrar as suas raízes polinésias.

 
"Blue Meanies" [Fire, 2012]

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Mixtape #18: Demons Sing Love Songs




Como já é hábito nesta altura do ano, o April Skies faz uma pequena pausa para férias. Se também for esse o vosso caso, espero que façam tudo é que normal fazer-se nas férias e também, porque não, aproveitem o tempo disponível para explorar "outras músicas". Eu deixo-vos algumas dicas com esta compilação de 18 faixas extraídas de outros tantos álbuns que, em meu entender, mereciam mais do que a adoração de meia dúzia de curiosos. A década abrangida é a que vai de 2001 a 2010, mas outras se seguirão, fica prometido.


01. DESOLATION WILDERNESS - "Come Over In Your Silver Car" (White Light Strobing, 2008)
02. THE CLIENTELE - "Since K Got Over Me" (Strange Geometry, 2005)
03. CLEARLAKE - "Wonder If The Snow Will Settle" (Cedars, 2003)
04. TAP TAP - "100,000 Thoughts" (Lanzafame, 2006)
05. MAZARIN - "The New American Apathy" (We're Already There, 2005)
06. NEVEREVER - "Blue Genes" (Angelic Swells, 2010)
07. ALLO DARLIN' - "If Loneliness Was Art" (Allo Darlin', 2010)
08. COMET GAIN - "Don't Fall In Love If You Want To Die In Peace" (Réalistes, 2002)
09. THE FRESH & ONLYS - "Summer Of Love" (Play It Strange, 2010)
10. THE PHANTOM BAND - "Folk Song Oblivion" (Checkmate Savage, 2009)
11. CYMBALS EAT GUITARS - "And The Hazy Sea" (Why There Are Mountains, 2009)
12. UNWOND - "Demons Sing Love Songs" (Leaves Turn Inside You, 2001)
13. GRAVENHURST - "Hollow Men" (The Western Lands, 2007)
14. WEEKEND - "Coma Summer" (Sports, 2010)
15. PARTS & LABOR - "Fractured Skies" (Mapmaker, 2007)
16. THE PONYS - "Double Vision" (Turn The Lights Out, 2007)
17. ERASE ERRATA - "Tongue Tied" (Other Animals, 2001)
18. LIFE WITHOUT BUILDINGS - "Sorrow" (Any Other City, 2001)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Little brothers are watching us

















A história do rock está recheada de talentos precoces. Nos tempos recentes, e sem sair do espectro garage, lembro-me de The Strange Boys, a descair para uma tendência rootsy, e Smith Westerns, com visíveis inflexões glam. Ao rol juntemos The Orwells, um quinteto de adolescentes dos arredores de Chicago que, demarcando-se dos citados, envereda por uma toada mais punky

Remember When é o título do álbum de apresentação recém editado, um petardo rock que não deixará os aficionados indiferentes. A maioria dos temas combina sujidade garage com energia punk, com as convenientes letras de inanidades sobre miúdas e fé eterna ao rock'n'roll. Nada de particularmente profundo, como é hábito em discos do género. À fisicalidade dominante apresentam algumas alternativas, como sejam algumas guitarras e vocalizações da escola do risível dos Pavement, ou uns parcos assomos de jangle pop. Não será certamente Remember When, na sua naïvité injectada de adrenalina, o disco que irá ser responsável pela salvação do rock, nem tão pouco se distingue grandemente do vasto pelotão de intrépidos norte-americanos munidos de guitarras sujas. Mas dá algum conforto saber que existem putos com melhor conhecimento de sessenta anos de rock que muitos veteranos já calejados. E que pelos também são conhecedores da história da América. Senão vejamos:

"Under The Flowers" [Autumn Tone, 2012]

Singles Bar #77








CATH CARROLL
Moves Like You
[Factory, 1991]




Algo desaparecida do mapa, Cath Carroll foi, em tempos, figura de proa no universo indie britânico. Para além de ser uma carinha laroca, era colaboradora do New Musical Express, precisamente no tempo em que esta publicação era uma espécie de "bíblia" indie. Como vocalista, encabeçou os Miaow, que figuram na célebre C86 do mesmo NME, e depois The Hit Parade, banda com ligações à Sarah Records. Era, portanto, a musa twee por excelência. Que o digam os Unrest, que deram o seu nome a uma canção de pura devoção.

Depois de casar com Santiago Durango, antigo baixista dos Big Black, Carroll aventurou-se numa carreira a solo que a levaria a ser a "ave rara" numa Factory Records que já definhava. Por intermédio do marido, England Made Me, o único álbum que gravou para o selo de Tony Wilson, contou com a colaboração de Steve Albini, na altura uma presença completamente inesperada num disco que se movia na mesma pop revivalista de uns Saint Etienne de então. Embora o álbum no seu todo esgote uma fórmula até à exaustão, um punhado dos seus temas cintilam hoje como há mais de vinte anos. Do todo destaca-se "Moves Like You", não por acaso escolhido para single promocional. Encurtada relativamente à versão do álbum, a mistura do single, ligeiramente mais arejada, sublinha a voz delicada de Carroll, as linhas rítmicas de uma elegância irresistível, e as invitáveis "pianadas Ibiza" que à data eram lei na Inglaterra dançante. Ouvido hoje, "Moves Like You" retém toda a frescura original e, tal como muitos temas dos citados Saint Etienne, ainda é capaz de fazer boa figura em pistas de dança de gosto sofisticado.

Vídeo

domingo, 12 de agosto de 2012

Espectáculo de variedades















Agora que há muito derivaram para um bucolismo cósmico, e na viragem  condicionaram as tendências musicais dos últimos quinze anos, já pouca gente se lembrará dos Mercury Rev do primeiro par de álbuns. Nessa altura, eram uma entidade bem diversa, um laboratório de experiências sónicas que agitou o universo "alternativo" de inícios de noventas. Jonathan Donahue, o actual vocalista, tinha protagonismo apenas pontual, pois as vozes - e muito do carisma - ficavam quase em exclusivo entregues a David Baker. Deste último contavam-se histórias de comportamentos desviantes, talvez até demasiado para a já de si política anárquica do colectivo, e a expulsão acabou por ser a consequência.

De David Baker já não havia sinais de vida há uns longos dezoito anos, por alturas do lançamento do único disco gravado sob a alcunha Shady. Contudo, conta-se que tem ocupado o tempo e alimentado a paixão pela música a produzir para outrém. Portanto, nada de particularmente visível até ao reaparecimento como parte integrante da dupla Variety Lights, projecto baptizado a partir do primeiro filme de Fellini para o qual concorre também Will MacLean, tal como Baker um interessado por teclados e sintetizadores vintage. O fruto desta colaboração é Central Flow, álbum que, inevitavelmente, envereda por uma via dominada pela electrónica. Aos primeiros sons, rudes e angulosos, deixa-nos a impressão de estarmos perante algo de semelhante à colaboração de Mark E. Smith com os germânicos Mouse on Mars. Mas cedo essa sensação se desvanece, à medida que as texturas mais contemplativas, algures entre a psicadelia e kraut, tomam conta das operações. A espaços, Central Flow penetra também em territórios cinemáticos, quase pastoris, que remetem para algumas das aventuras da saudosa Beta Band. Concebido a partir de estilhaços e colagens de ambientes, Central Flow surpreende não só pela sua homogeneidade, como também pela fácil digestão.

 
"Feeling All Alone" [Fire, 2012]

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Discos pe(r)didos #65










ALAN VEGA, ALEX CHILTON, BEN VAUGHN
Cubist Blues
[Thirsty Ear, 1996]



Algures, em meados da década de 1990, o mundo pop entrava (irremediavelmente?) numa espécie de buraco negro. Num reinado bipartido pelas xaropadas pós-triphop e as novas formas de rock FM, parecia ter ficado pelas intenções o underground takes overground um punhado de anos antes. À parte alguns nomes com culto alargado que conseguiram chegar às massas, não estava fácil a vida para quem se aventurava por meandros mais "alternativos". Datam desse período muitos óptimos discos completamente negligenciados, mesmo quando resultado da colaboração de três lendas vivas do "outro" lado do rock: Alan Vega, o provocador dos seminais Suicide; Alex Chilton, o pequeno génio que reagiu ao insucesso dos brilhantes Big Star com a sabotagem da própria carreira; e Ben Vaughn, um devoto das raízes rock que, entre outros, já tinha acompanhado o infame Kim Fowley.

Fruto do trabalho conjunto de tais desalinhados, Cubist Blues nunca poderia ser um disco convencional. Resultado de duas noites inteiras de processo criativo informal, tal como o regime inerente às grandes obras jazz, deixa entrever um espírito jam. Musicalmente, tem incutido o sentir rock dos primórdios, algo que, de forma diversa, sempre foi matéria da obra artística dos três músicos envolvidos. Com o exclusivo das vozes, Alan Vega é, obrigatoriamente, o mestre de cerimónias. Sente-se perfeitamente à vontade neste ambiente "orgânico", bem distinto do universo electrónico dos Suicide. As letras por si escritas para o efeito, provavelmente de improviso, são autêntica poesia beat de fim-de-século. Semi-cantadas, semi-declamadas, no inconfundível estilo de Elvis de becos esconsos, propiciam ainda mais uma série de truques ao nosso enfant terrible. Como por exemplo, os urros demoníacos no longo inaugural "Fat City", uma espécie de hip-hop fantasmagórico tresmalhado de rock'n'roll, o Lou Reed impersonator no conto marginal de "Candy Man", ou o nasalado próprio de um desenho animado em "Come On Lord". Alex Chilton e Ben Vaughn são responsáveis pelo suporte instrumental, alternando na guitarra e no baixo, mas também com algumas incursões pela bateria ou pelo piano. A fidelidade ao bom e velho rock'n'roll vigora, mas acontecem algumas cedências aos tais blues "cubistas" do título, como no citado "Come On Lord" ou em "Too Late", este último a encarnação de um Jim Morrison sobrevivo à subversão post-punk. Bem diverso dos demais, e da versão original dos Suicide, é  o remake "Dream Baby Revisited" que encerra o disco, valsa rock para fim de noite. Diria que soa a algo de semelhante à aparição de Gene Vincent ou Bobby Vinton, zombieficados, no palco de um bar obscurecido das imediações de Twin Peaks. Diga-se, rematando, que toda a atmosfera do restante de Cubist Blues também não anda longe de sugerir semelhante imagem.


"Fat City" 


"Candy Man"


"Dream Baby Revisited"

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Missão cumprida














Na América subterrânea de inícios de oitentas, dividida pela fúria hardcore a oeste e as incursões disco/funk a este, os Mission of Burma foram os responsáveis por incutir densidade cerebral ao primitivismo punk. Um pouco, diga-se, à semelhança dos Wire no Reino Unido. Deixaram apenas gravados um álbum e um EP, mas seriam responsáveis pelo lançamento da primeira pedra na edificação de Boston como uma das capitais da música independente dos states. Quando findaram actividades, em 1983, fizeram -no pela frustração das expectativas junto do público, mas sobretudo pela tinnitus do guitarrista Roger Miller, agravada com os concertos que, segundo reza a lenda, se pautavam por um volume de som demolidor.

Aos anos de semi-esquecimento, seguiu-se um período de veneração por parte de muitos dos intérpretes da "revolução alternativa" da década de 1990, o que terá motivado o regresso dos Mission of Burma, faz agora dez anos. De então para cá, contam já com a bonita soma de quatro álbuns. Em qualquer um deles, os problemas auriculares de Miller parecem não intimidar a banda a enveredar por uma certa dureza sonora. Assim é também no novo Unsound, seguramente o mais conseguido dos registos desta segunda vida dos MoB que, contudo, ainda não apresenta mácula. Sem diferir grandemente dos antecessores, parece-nos que neste disco a banda encontrou o balanço perfeito entre um sentir mais melódico e a visceralidade ruidosa. Nessa alternância, as diferentes características dos três vocalistas (Miller, Clint Conloy e Peter Prescott) são aproveitadas em consonância. Para os ouvidos menos treinados, é óbvio que, à superfície, Unsound não soará a mais que um esgrimir de recados e lamentações de homens de meia idade aborrecidos com o mundo. Mas nós já sabemos que com os MoB cada tema esconde mil e um pormenores nos interstícios. Mais agora, que da formação oficial faz parte Bob Weston, o mago de estúdio dos Shellac e de uma míriade de discos alheios, responsável pelas fitas pré-gravadas e os inúmeros sons acidentais que fazem de Unsound uma revelação a cada audição mais atenta.


"Second Television" [Fire, 2012]

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Virar o bico ao prego

















No percurso dos Portishead os discos sucedem-se de forma tão espaçada que, a cada nova aparição, a banda opera uma mudança estética relativamente ao último registo. Por conseguinte, hoje já estão radicalmente afastados dos sonhos desencantados que conquistaram as massas no álbum debute. Oiça-se, por exemplo, o terceiro e último álbum de 2008, no qual as referências kraut espreitavam a cada esquina. O ideólogo do projecto é, não é novidade para ninguém, Geoff Barrow, e é natural que os discos espelhem os seus interesses musicais na altura da sua confecção. Contudo, o mergulho mais profundo de Barrow nas sonoridades de origem teutónica ficaria por conta dos Beak>, o trio que encabeça desde 2009.

Com um primeiro álbum, quase totalmente instrumental, editado logo no ano da formação, os Beak> propunham uma deriva mental, algo impenetrável para os ouvidos menos treinados, que navegava na vertente mais psicadélica do kraut. Já o sucessor, que de forma inteligente aproveita o grafismo do nome da banda e se chama >>, é substancialmente mais imediato, tanto pelo maior pendor rítmico, como pela maior predominância dos temas com vozes. Alegadamente gravado durante uma única tarde, >> transpira o ambiente jam pela coesão do todo, e resulta como um apaixonante compêndio de referências às duas maiores eminências do universo kraut. As vocalizações quase indecifráveis de Barrow, que nos remetem para os Can, surgem imersas na propulsão motorika típica dos Neu!. Ora mais contemplativos, ora mais obtusos, os dez temas sucedem-se num todo que vale mais, muito mais, que a soma das partes. Para o encerramento, com "Kidney", os Beak> propõem uma longa progressão minimalista que ecoa a uns Sonic de há mais de um quarto de século. Se é uma pista de futuros desenvolvimentos, ou apenas a expressão da veia experimentalista dos todos os três integrantes dos Beak>, apenas o tempo nos poderá responder.


"Yatton" [Invada, 2012]

domingo, 5 de agosto de 2012

R.I.P.



JASON NOBLE

Ontem, dia 4 de Agosto, Jason Noble sucumbiu a um raro tipo de cancro que lhe havia sido diagnosticado acerca de três anos, infortúnio que desencadearia uma intensa campanha de solidariedade que envolveu a nata do underground norte-americano. O próprio Noble, enquanto membro dos Rodan, dos Rachel's e dos Shipping News, era uma das figuras mais destacadas e respeitadas desse meio nas últimas duas décadas.

Noble iniciou carreira musical ainda muito jovem, no fervilhante ambiente musical de Louisville, Kentucky, de inícios de noventas, o mesmo onde nasceram os incontornáveis Slint. Como guitarrista e vocalista nos Rodan tinha, com aqueles imensas afinidades musicais, bem evidentes em Rusty (1994), o único trabalho da banda para além de um par de EPs. Talvez por ter sido três anos posterior ao emblemático Spiderland, dos Slint, aquele álbum esteja hoje um algo esquecido. No entanto, um e outro, na sua confluência de post-hardcore e math-rock, acabaram por ser conjuntamente a matriz para o post-rock de bandas como os Mogwai e similares. 

Após a extinção dos Rodan, em 1995, Jason Noble reactivou os Rachel's, banda de formação variável que lhe haveria de garntir um estatuto de culto no espectro do post-rock instrumental. Com uma linguagem musical que ia beber à música erudita, os Rachel's seriam responsáveis pelo estreitar de relações de Noble, um artista pluridisciplinar, com o cinema e a dança. Paralelamente, e na companhia de Jeff Mueller, seu companheiro nos Rodan, Noble mantinha activos desde 1996 os Shipping News, estes com uma sonoridade mais próxima da abrasividade rock da banda que primeiro lhes deu visibilidade.

Rachel's _ "Water From The Same Source" [Quarterstick, 2003]

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

10 anos é muito tempo #36











THE CORAL
The Coral
[Deltasonic, 2002]



Há dez anos exactos, o mundo vivia todo o fulgor do chamado "novo rock". Olhando agora para trás, a esta distância, facilmente constatamos que a quase totalidade das bandas associadas ao "movimento" mais não era do que mero revisionismo de expressões proto e pós-punk. Portanto, todo o burburinho terá sido, em boa medida, gerado pelo saudosismo da geração de oitentas, como que vingando-se da tendência electrónica e dançante a que esteve sujeita durante boa parte da década anterior.

Neste cenário, em clara contra-corrente, surgiram os The Coral, um sexteto de putos originário de Hoylake, pequena cidade costeira separada de Liverpool pelo Rio Mersey. Vindos de tais paragens, as mesmas que nos deram Echo & The Bunnymen e The La's, não renegaram as origens e, tal como aqueles apontavam para o psicadelismo da costa oeste da América de sessentas. Os Love eram a referência mais notória, embora no disco de apresentação os The Coral enveredassem por um melting pot que incluía o merseybeat e as primeiras manifestações ska liverpulianas, umas pinceladas country e folk, e técnicas de produção dub, tudo num caldeirão que não perdia o norte pop. Neste particular faça-se a devida vénia ao produtor Ian Broudie, velha raposa dos estúdios capaz de fazer carvão passar por diamante.

A opção por géneros algo fora de moda é algo de insólito em músicos de tão tenra idade (à data da edição deste primeiro álbum, apenas o vocalista James Skelly tinha ultrapassado a barreira dos 20 anos), mas mais imprevisíveis são as bizarrias devedoras de uns Pink Floyd da "era Syd Barrett" ou de um Captain Beefheart. Os primeiros deixam a sua marca em "Simon Diamond", um primo afastado do "Arnold Layne" daqueles, enquanto o personagem criado por Don Van Vliet assombra o tresloucado frenesim de "Skeleton Key". Este tema é uma espécie de sea shanty abastardada, algo que confere a tradição marítima da região de origem dos The Coral. Pelo mesmo diapasão enveredam em "Spanish Main" e em "Shadows Fall", embora nestes num formato bem mais ortodoxo, apesar da abertura mariachi via-Morricone do segundo. Quando querem, os The Coral também sabem extrair o romantismo imaculado próprio da sua idade, algo que sucede no belíssimo "Heartaches", no qual Skelly exibe toda a sua gama de truques vocais, e em "Dreaming Of You". Este último, o tema mais rodado e imediato de todo o disco, é dono de uma combinação intemporal de beat irresistível, sopros a preceito, e coros harmoniosos, resultando num convite à dança desenfreada.

Na sua homogénea variedade, The Coral não deixa de ter algumas pontas soltas, algo que, não só se compreende, como até se saúda em bandas de tão baixa média etária. Não deixa, no entanto, de ser um entusiasmante cartão de visita que nos deixa de sobreaviso. A promessa haveria de confirmar-se com o decorrer dos anos e dos álbuns (e até agora já lá vão sete!), à medida que os The Coral se iam assumindo como a mais coerente, esclarecida, e peculiar de todas as bandas da pop britânica do que já lá vai deste século XXI. Venham mais sete!

 
"Dreaming Of You"


 
"Skeleton Key"