"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Adivinha quem voltou... - Pt. 2

















Vivemos num tempo em que a nostalgia é uma indústria. Ao serviço desse negócio, já são incontáveis as bandas regressadas ao activo para tournées mais ou menos lucrativas. Nada tenho contra as opções dessas bandas - até porque muitas me possibilitaram assim vê-las em palco - porque lhes reconheço o direito à recompensa financeira que não tiveram numa primeira vida. No entanto, prefiro quando o regresso aos palcos vem acompanhado de novos discos. Três casos de interrupção de um longo silêncio, de domingo a terça feira. 

A história dos Redd Kross remonta a finais da década de 1970, quando os irmão Jeff e Steven McDonald ainda eram uns adolescentes impressionados com a explosão punk. Nos anos que se seguiram, e apesar da escassa produção discográfica, teriam um papel pioneiro no estabelecimento de uma linguagem indie tipicamente norte-americana. Nesse período, e embora a história nem sempre lhes faça a devida justiça, estes californianos tiveram um papel de igual importância ao de uns Sonic Youth. Aliás, foram muitas vezes companheiros de estrada da banda de Thurston Moore & C.ª, à qual terão incutido o gosto pelas referências da cultura popular e pela construção de canções dignas desse nome. A sua mistura explosiva de punk-pop e power-pop, insuflada de espírito juvenil, teria maior aceitação durante a década de 1990, com uma maior abertura do mercado e dos media às tendências ditas "alternativas". Depois de um interregno de 15 anos, e quando parece que a sua sonoridade caiu em desuso, os Redd Kross reincidem com uma formação recuperada desses tempos áureos. O primeiro resultado da reunião é Researching The Blues, álbum que é uma surpreendente descarga de adrenalina que fará a inveja de muito puto aspirante a músico rock. Seguindo por uma via classicista que evoca tanto The Beatles com The Byrds, imersos num banho power-pop profusamente melódico, o disco é um autêntico festim de riffs e refrões orelhudos. A audição é de fácil assimilação e confere que, apesar de andarem a rondar o meio século de idade, os membros dos Redd Kross não perderam o seu colorido sentido pop. De igual modo, mantêm intacto o bom humor na abordagem às referências da cultura pop, como atesta o vídeo promocional abaixo.

 
"Stay Away From Downtown" [Merge, 2012]

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