"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Adivinha quem voltou... - Pt. 3

















Vivemos num tempo em que a nostalgia é uma indústria. Ao serviço desse negócio, já são incontáveis as bandas regressadas ao activo para tournées mais ou menos lucrativas. Nada tenho contra as opções dessas bandas - até porque muitas me possibilitaram assim vê-las em palco - porque lhes reconheço o direito à recompensa financeira que não tiveram numa primeira vida. No entanto, prefiro quando o regresso aos palcos vem acompanhado de novos discos. Três casos de interrupção de um longo silêncio, de domingo a terça feira. 

Oriundos da Nova Zelândia, os Bailter Space - ou Bailterspace, como muitas vezes assinam - não chegaram a tempo de apanhar a primeira e mui relevante vaga indie-pop daquele distante arquipélago. Formados apenas em 1987, já não alinharam pela mescla de psicadelismo e lo-fi de muitos dos seus antecessores da viragem de setentas para oitentas. No entanto, nascidos das cinzas dos abrasivos Gordons, e integrando um antigo membro dos lendários The Clean, foram facilmente absorvidos na autêntica irmandade que é "cena" neozelandesa há mais de trinta anos. Obviamente, lançaram os primeiros discos pela mítica Flying Nun Records. A sua peculiar proposta, misto de noise-rock e texturas atmosféricas, haveria de lhes valer referências como "os Sonic Youth do hemisfério sul", descrição que julgo demasiado redutora para a singularidade da música dos Bailter Space. Se por força dessas referências, se por mérito próprio, o culto em seu redor saltaria fronteiras, ao ponto da "gigantesca" Matador Records lhes garantir a distribuição americana a partir de inícios da década de 1990. Na mesma altura a banda mudava-se de armas e bagagens para Nova Iorque, atingindo um pico de popularidade por alturas da edição de Wammo (1995), disco algo incaracterístico com uma abordagem indie-rock mais ortodoxa. Depois de um longo hiato, os Bailter Space acabam de regressar aos discos com uma formação reduzida ao vocalista/guitarrista Alister Parker e ao baterista Brent McLachlan. Com a ajuda de escassos colaboradores, a dupla faz de Strobosphere um retorno à sua sonoridade característica, mesmo atendendo a que o último álbum - Solar.3 - já dista treze anos no tempo. Composto por onze faixas carregadas de fuzz, Strobosphere recupera todo o gosto dos seus autores pelas combinações de atonalidade com melodia, de beleza celestial com ruído distorcido. Se a estas características somarmos a aura spacey, e alguns discretos apontamentos electrónicos, concluímos que, mais que nunca, a sonoridade dos Bailter Space está na ordem do dia das tendências do universo indie-pop/rock. Motivos então para saudarmos o seu regresso com uma espécie de estatuto pioneiro. E em excelente forma, caso me tenha esquecido de vos ter dito.


"No Sense" [Arch Hill / Fire, 2012]


"Blue Star" [Arch Hill / Fire, 2012]

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