Em tempos que já lá vão, Teeny Lieberson esteve remetida ao discreto papel de teclista dos algo sobrevalorizados - diria mesmo irritantes - Here We Go Magic. Abandonou o barco, talvez porque pressentisse que poderia valer algo mais, e certamente porque se orientava por outras linhas estéticas. Formou a sua banda, escreveu as suas próprias canções, e revelou uma voz maleável, capaz de variações demasiado interessantes para ficarem vedadas ao grande público.
Podem conferir estas capacidades em In Limbo, o recém editado disco de estreia das TEEN (o nome deriva do da mentora, certamente), quarteto feminino que no alinhamento inclui outras duas manas Lieberson. A diferenciá-lo do mulherio norte-americano apostado em recuperar a pop de outrora está a prevalência das texturas sintéticas, por oposição à aposta da guitarras fuzzy da maioria das contemporâneas. No entanto, na aura atmosférica de In Limbo, torneada pelas nuances vocais de Teeny, não deixam também de ser evocadas as memórias girly-pop de sessentas. A este pendor revivalista não será imune o trabalho do produtor, homem versado na história da pop nos seus mais variados quadrantes. Falo-vos de Peter "Sonic Boom" Kember, uma das metades criativas dos míticos Spacemen 3 que, após um longo exílio, revela uma certa hiperactividade ao serviço das "novas" tendências. Sim, porque no caso das TEEN, não deixa de haver um pequeno senão na insistência nas já algo estafadas texturas planantes oitentistas. No balanço final, diria que In Limbo aventa a hipótese de como soariam as chatinhas Warpaint se tivessem uma pinga de sangue na guelra. E lá estou eu outra vez a entrar no campo das sobrevalorizações...
"Electric" [Carpark, 2012]
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