"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Aposta ganha



















Sem desprimor para gente como os Sonic Youth, os Pixies, ou os Hüsker Dü, sou da opinião que nenhuma outra banda foi tão determinante para a explosão "alternativa" de inícios de noventas, dos Nirvana e quejandos, como os Dinosaur Jr.. Nos três primeiros álbuns deste trio de putos dos arredores de Boston vislumbram-se a olho nu as principais características da música de Kurt Cobain e companhia: um rotundo assalto sónico que, fazendo gala da distorção, não enjeita uns curtos solos de guitarra, e um acentuado ennui. Claro que a tensão latente, própria da tenra idade mas também da coexistência de três egos difíceis, acabaria por dar bronca. Como consequência, aos Dinosaur Jr. pertence um dos mais acrimonisos e propalados divórcios das últimas três décadas da música popular. Ao longo da década de 1990, com formações variáveis, J Mascis, que os outros dois (o baixista Lou Barlow e o baterista Murph) acusavam de governar a banda pouco democrática, conduziria a marca Dinosaur Jr. num penoso definhar.

Foi com alguma surpresa que, em 2005, recebemos a notícia da reunião do trio original, agora amadurecido e mais tolerante ao feitio pessoal de cada um. Desde que lamberam as feridas do passado, os Dinosaur Jr. não param de surpreender com o lançamento de álbuns de elevado grau qualitativo, mesmo para os mais cépticos deste fenómeno das reuniões. Já aí está o terceiro, I Bet On Sky de seu nome, que apesar de ser, eventualmente, o mais límpido dos trabalhos da banda, não deixa de lado as suas marcas identitárias. A grande novidade a saltar à vista, porém, é a introdução das teclas por via de um discreto piano martelado num par de temas, por curiosidade ambos próximos da calorosa melancolia de uns Built to Spill. Lou Barlow contribui com o seu já habitual par de temas, que desta feita até nem são o elemento emocional do disco, mas antes os representantes de uma certa secura jangly. A emotividade fica sobretudo a cargo de um Mascis que, sem baixar o volume da guitarra nem tirar o pé do pedal de distorção, desacelera os seus riffs em combinação com o habitual tom lamurioso da voz. Em linha com a "alta-fidelidade" dos vídeos mais recentes, por oposição ao amadorismo low budget de outrora (conferir aqui e aqui), o novo promo até tem guião interpretado por actores profissionais em franca ascensão de visibilidade. Vale a pena ver:

 
"Watch The Corners" [Jagjaguwar, 2012]

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