"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

domingo, 9 de setembro de 2012

Adivinha quem voltou... - Pt. 1

















Vivemos num tempo em que a nostalgia é uma indústria. Ao serviço desse negócio, já são incontáveis as bandas regressadas ao activo para tournées mais ou menos lucrativas. Nada tenho contra as opções dessas bandas - até porque muitas me possibilitaram assim vê-las em palco - porque lhes reconheço o direito à recompensa financeira que não tiveram numa primeira vida. No entanto, prefiro quando o regresso aos palcos vem acompanhado de novos discos. Três casos de interrupção de um longo silêncio, de domingo a terça feira. 

Na viragem de setentas para oitentas, os nova-iorquinos The dB's constituíam o paradigma do revivalismo power-pop que haveria de condicionar as tendências do indie-rock norte-americano de então para cá. Extinguiram-se em 1988, depois de 10 anos de aclamação crítica, vendas modestas, mas um culto sólido. Dos quatro álbuns gravados até então, os dois primeiros (Stands For Decibels e Repercussion, de 1981 e 1982, respectivamente), justamente os únicos com o mentor e compositor Chris Stamey na formação, constituem a matriz da fase mais inspirada da carreira de bandas como The Posies ou Teenage Fanclub. Recentemente, Stamey viu a sua dedicação "recompensada" com o aval, pouco antes da morte daquele, do "guru" Alex Chilton ao espectáculo Big Star's Third, a homenagem de um elenco all-star à memória e ao disco "maldito" dessa figura incontornável do universo power-pop. Já reactivados desde 2005, os dB's entendem ser este o momento apropriado para o regresso aos discos, um quarto de século depois do último. Gravado pela formação original, Falling Off The Sky, já está longe do ambiente festivo do par de álbuns referido. Aposta antes numa sonoridade amadurecida, que integra alguma ortodoxia rock e até ecos de americana. Algo que a banda parece não ter perdido é o sentido melódico, algo bem patente nas onze faixas que, julgo, vão agradar aos acólitos dos contemporâneos The Hold Steady.


 
"That Time Is Gone" [Live @ SxSW 2012 - Austin; Original no álbum Falling Off The Sky (Bar/None, 2012]

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