"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Sound affections


Foto: Neil "Twink" Tinning

Com relativa justeza, aos Buzzcocks é normalmente atribuído o epíteto de punk Beatles, pela sua capacidade de urdir canções curtas de um imediatismo efectivo. Para comprovar o mérito de tal atribuição, basta passar os ouvidos pela compilação Singles Going Steady, de 1979, seguramente uma das melhores edições do género. Mais pela qualidade que pela quantidade, os norte-irlandeses The Undertones também poderiam ser um sérios candidatos a tal título. No entanto, tanto no caso destes como no dos mancunianos, o paralelismo com os fab four tem de ser estabelecido apenas com a fase formativa, pré-Rubber Soul. Se avançarmos para o "período crescido" dos de Liverpool, muito provavelmente, a comparação com as bandas saídas do turbilhão punk apenas poderá ser com o trio do guitarrista/vocalista e compositor quase exclusivo Paul Weller, do baixista Bruce Foxton, e do baterista Rick Buckler

Bem, antes que se torçam os narizes, esclareço que catalogar os The Jam como punk é resumi-los ao primeiro par de álbuns, da meia dúzia que lançaram noutros tantos anos com selo da multinacional Polydor. Quando implodiram, no apogeu da fama, eram já uma banda radicalmente diferente. Nesta fase, refira-se, a aceitação das massas contrastava com a rejeição dos seguidores dos primórdios, demasiado cegos por um fundamentalismo que não aceitava o crescente interesse do trio, e em especial de Paul Weller, pela música negra. O próprio frontman terá pressentido que a mutação entretanto operada já não encaixava na entidade The Jam, pôs fim à banda e formou The Style Council, estes totalmente livres para flirtar com a soul, com o jazz, ou com a bossanova, numa das mais belas aventuras da facção sofisticada da pop. Não obstante alguma incompreensão à época, tanto com a fase derradeira dos The Jam, quanto com a proposta dos Style Council, o tempo tratou de garantir a Paul Weller o estatuto de pioneiro. E também o reconhecimento como um dos grandes escritores de canções Made in UK, o que se reflecte numa vasta descendência que vai de Morrissey (sim, ele há-de admiti-lo) a Pete Doherty. 

Numa espécie de tributo de reconhecimento ao herói Modfather, que melhor que ninguém soube combinar a consciência social da working class com o espírito pop, e fruto de mais um surto do "sindroma Alta Fidelidade", apresento-vos o meu top ten pessoal dos The Jam. Pelo menos o de hoje, em regime countdown, e resultante de uma short-list de duas dúzias de temas, é assim:

10. "Start" (Sound Affects, 1980)
09. "Beat Surrender" (single, 1982)
08. "Mr. Clean" (All Mod Cons, 1978)
07. "To Be Someone (Didn't We Have A Nice Time)" (All Mod Cons, 1978)
06. "Going Underground" (single, 1980)
05. "Monday" (Sound Affects, 1980)
04. "In The City" (In The City, 1977)
03. "Down In The Tube Station At Midnight" (All Mod Cons, 1978)
02. "Town Called Malice" (The Gift, 1982)

01. "That's Entertainment" (Sound Affects, single, 1981)

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