"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ao vivo #17















Scout Niblett @ Zdb, 30/05/2008

Tenho de o confessar: Scout Niblett era, até há pouco tempo, alguém a quem conhecia pouco mais do que o nome. Tudo mudou com a descoberta recente de This Fool Can Die Now, o opus do ano passado. Compreendo agora o porquê de ser uma das "protegidas" de Steve Albini.
É britânica, mas a sua música assenta mais na tradição norte-americana. Comparações frequentes colocam-na a par de Will Oldham (o mesmo que participa em quatro dos temas do disco citado) ou da crueza de PJ Harvey dos primórdios. Partilha igualmente afinidades com Nina Nastasia ou Shannon Wright. Pela parte que me toca, sinto por vezes na música de Niblett algo de semelhante ao lado mais descarnado de Kurt Cobain que nunca tive a sorte de ver
in vivo. Sacrilégio dirão alguns, mas a sensação sai reforçada depois do excelente concerto de sexta-feira passada.
Com um atraso mais curto do que o habitual na ZdB, entrei na sala, bem composta mas não lotada, já ao som de "Do You Want To Be Buried With My People?". No palco, vislumbravam-se apenas a cantora munida da sua guitarra eléctrica e o baterista que a acompanha. Música simples e directa, contida nos recursos, em que o silêncio desempenha papel especial e que, por isso, só pode sair a ganhar com um som decente, tal como aconteceu. Pelo feito, raro naquela sala, deixo o meu aplauso à técnica responsável.
Ao 3.º/4.º tema, o espectáculo foi interrompido por breves instantes por alegada fadiga (quebra de tensão?) da artista. Durante a pausa, como ao longo de todo o concerto, o público foi paciente e respeitador. Como que redimindo-se deste pequeno incidente, daí em diante, Scout Niblett deu o melhor de si aos presentes: após o que se supõe ser o alinhamento previsto, obviamente assente no último álbum, houve direito a uma curta sessão de pedidos, e até um tema acompanhado apenas de bateria, tocada pela própria.
Nota muito positiva para um concerto de canções perturbadas e perturbadoras mas, simultaneamente, sinceras e ternas. Como momentos altos elegeria "Nevada" e "Dinosaur Egg", este último tocado a pedido.

1 comentário:

Hug The DJ disse...

tem um je ne sais quoi de "cobainiano" sem dúvida.
uma arrebatadora de corações (e de ouvidos) é o qu'ela é...

hugs