"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Em escuta #30


















THE BLACK ANGELS
Directions To See A Ghost
[Light In The Attic, 2008]

Quando se deu a conhecer, há coisa de dois anos, este combo texano foi, desde logo, motivo de júbilo por estas bandas. Traziam na bagagem Passover, álbum de estreia pungente e negro, com vista para o psicadelismo de finais de sessentas.
Ao primeiro contacto, sobressai no novo Directions To See A Ghost uma clara perda do poder de fogo do seu antecessor, sendo, neste particular, "You On The Run" a excepção. Não será por acaso que foi escolhido para tema de abertura. Dessa primeira audição fica também uma ligeira sensação de repetição, com os onze temas a soarem muito semelhantes entre si. Sensação essa que se desvanece à medida que, em escutas sucessivas, nos vamos deixando embrenhar na teia urdida pelas Black Angels, quais Jefferson Airplane sujeitos a uma dieta de Spacemen 3. A partir daqui, digo-vos, o efeito de Directions... é hipnótico.
Num disco compacto e homogéneo (não confundir com monótono), há ainda assim temas que sobressaem. É o caso de "Deer-Ree-Shee", grande surpresa ao introduzir a sitar (com solo e tudo!) no universo dos anjos negros. O final deste tema funde-se com o início de "Never/Ever", oito minutos e meio de tirar o fôlego: cântico tribal de início, a dar lugar ao duelo da guitarra com a drone machine, com uma bateria marcial a pautar o ritmo. Entre os pontos altos, destaquemos ainda o já citado tema inaugural. No extremo oposto, como momento relativamente falhado, está "Snake In The Grass", o tema de encerramento que, nos seus mais de dezasseis minutos de duração, estica demasiado a fórmula.
A voz de Alex Maas, no passado acusatória e inflamada, com recados mais ou menos óbvios ao ocupante da Casa Branca e obreiro da 2.ª Guerra do Golfo, surge agora "afogada" na instrumentação densa. Desta feita, as letras, mais difusas, abordam temas negros da construção da Nação Americana como os massacres dos nativos.
Não provocando o efeito surpresa do antecessor, entenda-se Directions... como uma variação sobre o mesmo tema, garantindo aos Black Angels a passagem com distinção na prova de fogo do segundo disco. Num terceiro fôlego, em que já não contarão com a drone machine de Jennifer Raines, que entretanto abandonou o barco, é legítimo que se lhes exijam outras direcções...

2 comentários:

O Puto disse...

Já o adquiri há umas semanas por uma módica quantia, mas ainda está na lista de espera. Gosto muito do anterior, e o efeito é realmente mesmerizante.

M.A. disse...

Mesmerizante?!
Ainda sob o efeito MBV, meu caro? :)

Abraço