"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

King for a day














Sobre o cenário pop actual, e no respeita aos seus dois principais eixos, tenho uma opinião que não coincide com a da maioria. Quem ainda tem paciência para ler o que por aqui se vai escrevendo já saberá que não acho que o produção britânica esteja tão mal como a pintam e, por outro lado, o que vem das Américas nem sempre tem o brilho que os poderosos meios de divulgação que emitem a partir daquelas bandas nos querem fazer crer. Se tomarmos como exemplo o meio indie, enquanto que os ianques se limitam, com mais ou menos graça, a mimetizar bandas do passado (a maior parte delas britânicas!) facilmente reconhecíveis, os "bifes" vão à procura de fontes de inspiração mais obscuras. Se partirmos para as novas tendências da chamada música urbana e seus derivados, aí então os britânicos ganham por goleada.

Neste último quadrante, um nome a ter em atenção para os próximos tempos será, com toda a certeza, o de Archy Marsall. Com apenas 18 anos, este "cenoura" revela já uma maturidade de ideias que só é possível graças à exposição a uma rica cultura musical, algo que é comum a muitos súbditos de Sua Majestade. Com essas bases, e um imenso talento, ainda antes da maioridade, com apenas 16 anos, sob o pseudónimo Zoo Kid, já Archy se fizera notar com a sua apurada visão do quotidiano londrino, uma espécie ruiva e adolescente de cruzamento entre Ian Dury e Billy Bragg para os novos tempos. Se as letras do single que deixou meio mundo boquiaberto eram surpreendentes, não menos singular era o suporte instrumental: uma base minimalista de guitarra a abusar do tremolo, com tiques tanto de ska como de afrobeat, num ambiente soturno que evoca os Suicide. Nestes dois anos Archy cresceu, não restringindo a sua música à guitarra. Este nova faceta, ainda a percorrer a temática da tensão urbana no aspecto lírico, exigiu, no entender do rapaz que responde agora por King Krule, uma mudança de alter-ego. Nos novos temas nota-se um aperfeiçoamento da técnica da guitarra, agora acompanhada por outros instrumentos. Embora a matéria prima seja 100% orgânica, há notórios ecos de algumas linguagens recentes, do meio que o rodeia, como é o caso do dubstep. Óptimos indicadores para um álbum que se avizinha, o qual se prevê já que venha a ser motivo de abundante conversa. Pelo menos entre aqueles que, há mais de uma década, viram na estreia de The Streets uma pedrada no charco.

 
Zoo Kid "Out Getting Ribs" [House Anxiety, 2010]

 
King Krule "Rock Bottom" [Rinse, 2012]

2 comentários:

O Puto disse...

Estou agora a saber que são os dois a mesma pessoa. Gosto muito do "Rock Bottom".

M.A. disse...

Gosto de ambas as facetas, mas acho que a preferência descai ligeiramente para a de Zoo Kid.