"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Good cover versions #72


















YO LA TENGO _ "The Whole Of The Law" [City Slang, 1993]
[Original: The Only Ones (1978)] 
 
The Whole of the Law by Yo La Tengo on Grooveshark

Nascidos em pleno fervor punk, e consagrados já na vigência da chamada new-wave, os britânicos The Only Ones pouco ou nada partilham de comum com a maior parte dos contemporâneos. Neles havia um compositor - Peter Perrett - que, com umas pitadas de power-pop, contrapunha canções de recorte clássico aos maneirismos e adereços de outros. O seu maior êxito terá sido "Another Girl, Another Planet", já usado por mais que uma vez em anúncios publicitários, mas talvez nem esse tema esteja à altura de outra jóia de relicário do autor. Falo-vos de "The Whole Of The Law", uma quase balada, canção de amor marginal agridoce, cantada naquele estilo característico de Perrett, entre o lânguido e o negligente, que remete para as origens pub-rock tipicamente britânicas. No final, um luxuriante solo de saxofone compõe o quadro da mais bela canção dos Only Ones, banda que acabaria por ter significativa influência nos Libertines, também estes, noutro tempo, um símbolo da englishness. Em particular em Pete Doherty, que de Perrett apreendeu o estilo de escrita e de canto, mas também o estilo de vida muitas vezes desregrado.

Dadas as características atrás descritas, não seriam os Only Ones a banda que esperaríamos ver revisitada pelos norte-americanos Yo La Tengo, uma banda já com vasto currículo na reinterpretação de clássicos da pop. Mas o que é certo é que aconteceu, e logo a coroar Painful, talvez o seu disco mais superlativo e aquele em que abandonaram as jams sónicas dos primórdios a favor de texturas mais atmosféricas. Na versão dos Yo La Tengo, "The Whole Of The Law" ganha asas de sonho, numa interpretação de Ira Kaplan no seu modo quase ensonado que tem marcado pontos nos discos de então para cá. Torna-se assim um tema contemplativo que, no reforço da componente terna, realça a beleza já subjacente ao original. Como ponto do contacto com aquele tem o uso de instrumentos de sopro, na circunstância com uma flauta a percorrer toda a suavidade do suporte instrumental.

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