Nas terras mais a norte da Europa, parece andar a solta a miscigenação da energia punk com o minimalismo de um algum post-punk mais enegrecido. Da Suécia, chegaram-nos no ano passado o Holograms, com um interessante disco no qual realçam a segunda faceta, embora não se escusem a exibir alguns maneirismos calculados obviamente dispensáveis. Antes deles, mais a sul, na Dinamarca, já os Iceage se tinham movido em zonas limítrofes. Fruto da sua maior juventude, no caso destes, o disco de estreia libertava maior carga de adrenalina sem, contudo, dispensar o lado negro, expresso tanto nas letras como nos grafismos a remeter para símbolos de feitiçaria à la Blair Witch Project.
O quarteto de Copenhaga deu nas vistas ao ponto de seduzir os executivos da prestigiada Matador Records, que na próxima semana lançará o sucessor de New Brigade (2011). O novo disco leva o retumbante título You're Nothing, que é como quem expressa o célebre No future! ao sabor do ennui dos novos tempos. Desde há dois dias disponível para pré-escuta, o segundo álbum dos Iceage representa um passo evolutivo gigantesco para uma banda cujos elementos acabaram de entrar na casa dos vintes. Por um lado mais contido no aspecto da descarga enérgica gratuita, é por outro uma demonstração na arte de manipular o ruído em curtos petardos. Das audições a que já me sujeitei, concluo que o lado sinistro dos Iceage surge agora mais à superfície. A título de exemplo, remeto-vos para aquele que foi o primeiro avanço de You're Nothing, a promessa de ser disco para arrumar na prateleira próximo do homónimo dos canadianos METZ, que justamente hoje (Porto) e amanhã (Lisboa) nos visitam para uma daquelas sessões de ruideira de que já tínhamos saudades.
"Ecstasy" [Matador, 2013]
Sem comentários:
Enviar um comentário