"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Mais doçura / Menos sangue
















Ano morno, este que decorre, pelo menos no que concerne a revelações e/ou surpresas musicais. Já no que toca a regressos de bandas que raramente nos deixam ficar mal, os três primeiros trimestres de 2010 têm-se revelado relativamente proveitosos, pelo menos no espectro power-pop. Sem perder de vista o fim da hibernação dos aparentados Superchunk, o ano corrente já valeu por mais um assomo de genialidade dos escoceses Teenage Fanclub, e agora fica também marcado pelo regresso dos congéneres norte-americanos The Posies, a tal banda de Seattle que, em inícios de noventas ousou escapar às sonoridades então conotadas com aquela cidade. Talvez por isso, tudo na sua carreira tenha acontecido com alguma discrição, talvez demasiada tendo em conta o jeito que a dupla Ken Stringfellow e Jon Auer leva para urdir gemas pop que resistem, como poucas, à voragem do tempo. Tal como a meia dúzia de antecessores, o novo Blood/Candy chega de mansinho, às escondidas dos hipsters do nosso tempo, mas ainda à altura dos pergaminhos do seus criadores. Liberta, pelos piores motivos, dos afazeres com os Big Star, a parelha de cantores/compositores optou desta feita por preencher a totalidade do disco com composições conjuntas, em detrimento da habitual fórmula de mistura destas com criações individuais. Daí resultam uma dúzia de canções já sem a efervescência juvenil dos clássicos Dear 23 (1990) e Frosting On The Beater (1993), mas com o lustro e a dose de sacarina bastantes, sobretudo ao nível das harmonias vocais magnificamente acasaladas com as melodias à guitarra de um classicissismo formal. Na inevitável comparação com os já citados TFC, poderemos dizer que os The Posies já deixam transparecer o peso da idade sem que, no entanto, tendam para uma introspecção tão profunda como a daqueles. No imediato, os mais familiarizados com a banda estranharão uma  tentativa de fuga à filiação, antes bem notória, dos Big Star. No entanto, Springfellow e Auer continuam apostados em explorar o filão da época dourada da pop, agora com maior incidência na de origem inglesa (The Beatles, The Kinks). Para tal, contam com as vozes convidadas de Hugh Cornwell (The Stranglers), Lisa Lobsinger (Broken Social Scene), e Kay Hanley (Letters to Cleo). Esta última dá um ar da sua graça no tema que serviu de avanço a Blood/Candy:


"The Glitter Prize" [Ryko, 2010]
 

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