Foto: Timothy Mahoney
"Scarce sounded like all those parts of R.E.M. and Bowie that no one is supposed to like. Scarce had such passion and self-belief it hurts." - Everett True, in Live Through This (American Rock Music In The Nineties)
Em meados da década de 1990, quando o underground norte-americano emergiu à superfície mainstream, os Scarce perfilavam-se como candidatos sérios a "dar o salto". Contudo, a fortuna nada quis com a banda, dividida entre as prolíferas "cenas" de Providence e Boston. Em 1996, logo após a recepção calorosa no Reino Unido ao único álbum até à data (DeadSexy, de 1995), o vocalista/guitarrista Chick Graning sofreu um aneurisma cerebral que o deixou em estado de coma e com escassas hipóteses de sobrevivência. Milagrosamente sobreviveu, reaprendeu a cantar, a andar, e a tocar guitarra, permitindo a continuação da carreira dos Scarce até 1997. Nesta fase, consciente e frustrado com a perda da oportunidade única, o trio decidiu pôr um ponto final. Já neste século, enquanto recolhia material para um livro sobre a carreira da banda, a baixista Joyce Raskin reatou o contacto com Graning. Daí à reunião foi um passo e, discretamente, os Scarce estão de novo activos desde 2008. A julgar pela quantidade de acontecimentos em torno da banda nos próximos tempos, com algum optimismo eventualmente exacerbado, sou levado a pensar que o infortúnio do passado poderá em breve ser compensado. Para os próximos meses está prevista a edição do EP No One Likes You, seguida da respectiva tournée promocional pelo Reino Unido. Pela mesma altura, estreará o documentário com a história da banda Days Like These, da autoria da realizadora Sally Irvine. Já disponível está The Fall And Rise Of Circus Boy Blue, o mais recente livro ficcional, embora baseado nas experiências pessoais de Joyce Raskin. Como banda sonora de acompanhamento à leitura, os Scarce disponibilizaram cinco novos temas gratuitamente "descarregáveis" a partir daqui. Abaixo exibe-se um exemplo, sintomático de uma tendência tipicamente americana para a escrita de canções intemporais, talvez porque avessas a modas. O vídeo correspondente, exemplarmente captado, vem insuflado do mais elementar espírito rock'n'roll. Creio que fará as delícias dos adeptos dos citados R.E.M. de outras eras, mas também, se os houver por aí, dos contemporâneos The Hold Steady.
"Stupid In A Cup" [digital file, 2010]
4 comentários:
Em '94 apaixonei-me por um EP deles: Red. E quando saiu o LP já não era bem a mesma coisa. Mas esse EP sim, grande disco, com excelentes canções.
O EP que tinha o "All sideways", não era? Grande tema! Efectivamente, o LP já segue uma sonoridade para a qual nem sempre tive a mesma predisposição. Ultimamente, e graças aos Hold Steady (e à idade, quem sabe...), estou muito mais virado para esses sons do chamado rock adulto. Desde que tenha algo para dizer, claro.
essa "All Sideways" era grande malha. O longa duração nunca cheguei a ouvir...
Nunca consegui encontrar esse disco na net. Quando visitar a casa dos meus pais a ver se trago o cd e disponibilizo. Até porque já o ouvia novamente.
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