"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Singles Bar #53







HELIUM
Pat's Trick
[Matador, 1994]





Recuando até à primeira metade da década de 1990, e centrando-nos exclusivamente no emergente indie-rock norte-americano, vêm-nos à memória um rol imenso de miúdas estilosas integradas em bandas maioritariamente masculinas. Quase todas elas tinham a particularidade de tocar baixo (o instrumento) e algumas ficaram até famosas (vide a dupla Kim & Kim). Não era nem foi caso de Mary Timony, que tocava guitarra e liderava a "sua" banda, e que nunca foi além de um culto restrito. Talvez porque o mundo pós-grunge não estivesse receptivo à pop fracturada dos Helium, uma banda que a esta distância parece ter surgido muito à frente do seu tempo. No par de álbuns que deixaram gravados, ficou impressa uma tendência para canções de estrutura complexa e, por isso, pouco assimiláveis pelas massas, algo que Timony já tinha experimentado na curta vida das Autoclave, um raro quarteto feminino no "machista" mundo math-rock
Sem cair no facilitismo, algures entre a falsa ingenuidade dos/das Breeders, e o som lodoso dos primordiais Dinosaur Jr., "Pat's Trick" é o único exemplo dos Helium próximos das sonoridades mais catalogáveis como pop. Talvez por isso o tema tenha merecido relativo airplay em programas da especialidade de canais de grande audiência, algo que fez augurar um futuro risonho para o trio onde também figurava Ash Bowie (dos Polvo), parceiro amoroso desta nossa heroína. Feminista militante, Timony canta com ar de menina a letra que, na sua ambiguidade, esconde as mais negras perversões. No suposto refrão, quando as guitarras entram em delírio,  nos oh-oh-ohs e nos ooooos, assume-se como gata assanhada capaz de intimidar uma tal de Kimberley Ann Deal.

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