"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Luz & Sombras
















"It’s about revelation. It’s about the knowledge that life is there for the taking during the long train trips from the Lake District to Glasgow (where the sky suddenly lights up in the final few minutes, during the approach to the city). It’s about the way friendships can outstrip distance. It’s about moving forwards, and staying with the familiar, and trying out the unfamiliar, and feeling secure. It’s about being aware of your own situation and limitations and not minding one way or another. It’s about being depressed but knowing there’s always a way out of the depression: there are apple trees waiting to be scrumped, there are always harmonies waiting to be sung. It’s about believing in the healing powers of your lover’s arms. It’s about spontaneity and continuous reworking, and craftsmanship, and escape into sound. It’s about variable geography."
É com estas palavras, inspiradas e perfeitamente ajustadas, que Everett True, o jornalista musical responsável pela apresentação dos Nirvana ao público britânico, inicia uma resenha insuflada do disco que mais tem tocado nesta casa nas últimas duas semanas - o novo dos escoceses Teenage Fanclub. Depois de dezenas de escutas estou em condições de afirmar que, afinal, Shadows não é o álbum carregado de negrume que se anunciava. Apesar do ar outonal que exala, o nono álbum dos Fannies irradia luz sob todos os ângulos. Ultrapassada a pré-crise da meia idade reflectida no pálido Man-Made (2005), os três magníficos cantores-compositores de Glasgow (o romântico incurável Norman Blake, o consciente Gerard Love, o reflexivo Raymond McGinley) tiram agora o melhor partido da sensatez que advém da idade. A partir da dinâmica que deriva de três diferentes sensibilidades, fazem deste (mais) um disco de celebração da vida e da amizade, algo que aprendemos a valorizar com o passar dos anos. Não esperem, pois, encontrar as inanidades pueris do incontornável Bandwagonesque (1991). Vão antes à procura da maturação do contido, e igualmente valioso, Grand Prix (1995). No fundo, Shadows é a assimilação definitiva das influâncias nunca escondidas a partir das quais os Fannies moldaram uma personalidade própria: Big Star á cabeça, The Byrds e The Beatles mais dissimulados. É o atestado de que os Teenage Fanclub são daquelas (poucas) bandas que souberam envelhecer com graciosidade. É lá que podem encontrar a mais cintilante gema pop que o corrente ano produziu:


"Baby Lee" [PeMa, 2010]

Sem comentários: