Sonic Boom/Spectrum @ Museu Nacional de Arte Contemporânea, 26/11/2008
Com um pequeno desvio relativamente à hora inicialmente prevista, Peter Kember, o homem que, ainda adolescente, adoptou o pseudónimo de Sonic Boom como metade criativa dos superlativos Spacemen 3, aproxima-se da mesa onde estão dispostas a ferramentas de "trabalho": teclados diminutos, samplers, e uma série de maquinaria vária da qual desconheço o nome. Contrariando o meu prognóstico inicial, a sala está apinhada. Após as saudações da praxe, e algo timidamente, Kember dirigi-se ao público para anunciar que o primeiro tema é dedicado a Mary Hansen. O tema em questão é um instrumental de progressões em espiral que podia fazer parte do compêndio dos Stereolab, a banda de que a homenageada fez parte até ao súbito falecimento em 2002. As 3/4 peças que se seguem são longos mantras com intromissões de ruído metálico. Quando já estamos irremediavelmente enredados na teia e prestes a subir à troposfera, os lamentos esporádicos provindos da voz - ecoada, como seria de esperar - trazem-nos de volta ao solo. Depois de uma curta pausa para satisfazer as necessidades de nicotina (soube-se depois), Kember pega na guitarra e ataca uma versão descarnada de "Transparent Radiation", numa longa viagem até 1987, ano da edição de The Perfect Prescription, um dos clássicos da banda que lhe deu fama. Na sequência do momento mais "convencional" da noite, novo regresso às máquinas para um final solene ao som de "Then I Just Drifted Away". Novamente tímidos, os agradecimentos e as despedidas surgem abafados pela merecida ovação.
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