"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Ao vivo #29















Six Organs of Admittance + Wooden Shjips + Sic Alps @ Caixa Económica Operária, 07/11/2008

De uma penada, a Caixa Económica Operária recebeu três diferentes propostas da cena californiana. Foi na passada sexta-feira e, em breves resenhas, este escriba conta como foi.

Sem grandes atrasos relativamente ao previsto, coube aos Sic Alps abrir o serão musical. Em cerca de 45 minutos, com os dois membros a alternar entre a bateria e a guitarra, ofereceram ao público aquilo que deles se esperava: desconstrutivismo rock na veia dos Swell Maps, com os dois pés na garagem e a vista fixa no espaço. Caóticos e ruidosos, foram nitidamente prejudicados por alguns problemas técnicos. Nada que os tenha impedido de proporcionar alguns momentos de enérgica intensidade.

Após um breve intervalo, seguiram-se os Wooden Shjips, quarteto liderado por Erik Johnson, um verdadeiro freak fascinado pelo lado mais tribal e ácido do psicadelismo de sessentas. Com um som imponente e algum groove, começaram por prender a atenção de uma boa fatia do público aos primeiros temas. Com o decorrer do concerto - excessivamente longo -, a música dos Wooden Shjips começa a soar algo repetitiva, o que motiva muitos abandonos a meio da contenda. Tecnicamente, os músicos são irrepreensíveis (o baterista, então, é de uma precisão maquinal), mas fiquei com a impressão de que, se retirássemos a abusiva drone machine e o efeito da voz "projectada", a música perderia metade da sua força. No fundo, um daqueles casos em que as ideias resultam melhor em disco do que em palco.

Finalmente, o prato principal. E que prato!...
Ao contrário do que acontecera há dois anos na passagem do alter ego Six Organs of Admittance, Ben Chasny optou desta feita por apresentar um naipe de temas em que a voz é presença constante. Uma escolha sensata só possível graças ao extenso e heterogéneo repertório disponível. Como bónus adicional, do terceiro tema em diante, o músico, até aí solitário, passou a contar com a preciosa ajuda de Elisa Ambrogio (em voz e guitarra) e de um dotado baterista que denota filiações jazzísticas. Neste ponto, o concerto entra numa viagem de verdadeiras convulsões emocionais, com Chasny e a líder dos Magik Markers a entoar duetos emocionados, ora frágeis, ora em explosões de ruído e distorção. John Fahey reunido com Will Oldham e os Sebadoh da primeira safra poderia ser apenas uma imagem parcial dos acontecimentos...
Ao fim de mais de uma hora de puro deleite musical, saiu reforçada a minha admiração por Ben Chasny, um músico talentoso e multi-facetado, com uma entrega e uma humildade invulgares, capaz, como poucos, de proporcionar momentos para mais tarde recordar.

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