"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

sábado, 1 de novembro de 2008

Ao vivo #28

Thee Silver Mt. Zion Memorial Orchestra @ ZdB, 30/10/2008

Quando Simon Reynolds recorreu pela primeira vez ao termo post-rock procurava definir algo que, usando as ferramentas do velho rock'n'roll, obtinha resultados difíceis de catalogar como tal. Na ocasião, o jornalista musical inglês fazia a resenha do primeiro álbum dos Bark Psychosis, mas tinha também em mente as aventuras recentes dos Stereolab e dos High Llamas, na altura em inícios de carreira. No domínio público, o termo haveria de tomar um sentido diverso e bem menos abrangente do que a intenção inicial de Reynolds, ficando confinado aos registos instrumentais que começaram a surgir amiúde em meados da década passada, e representados por três entidades distintas: os vanguardistas de Chicago (com os Tortoise à cabeça), os escoceses Mogwai, e os canadianos Godspeed You Black Emperor! (GYBE!). De então para cá, a fórmula destes dois últimos foi explorada ad nauseum, criando um certo esgotamento da mesma.
Talvez ciente desse facto, em inícios da presente década e em paralelo aos GYBE!, Efrim Menuck apresentou ao mundo os A Silver Mt. Zion (e as diferentes variações subsequentes do nome), os quais traziam a novidade da voz. Com o final (não oficializado) dos GYBE!, esta passaria a ser a ocupação a tempo inteiro do mentor do extenso colectivo quebequiano.
Desde já confesso que nunca dispensei muita atenção aos A Silver Mt. Zion, já que, quando surgiram, estava de certa forma desligado destas sonoridades. Depois do concerto de quinta-feira, como se pode aferir de seguida, chego à conclusão que não tenho andado a perder grande coisa.
Ao longo de quase duas horas, Menuck e os restantes quatro músicos que o acompanham, apresentaram meia dúzia de temas longos e indistintos, com fortes marcas de algumas sonoridades setentistas (do southern rock mais pesadão aos Pink Floyd). A fórmula é simples e invariável em cada tema: após o início calmo, com os violinos e o contrabaixo a facilitarem a criação da atmosfera, irrompem os riffs distorcidos da guitarra. Tudo isto é acompanhado pelos lamentos monocórdicos de Menuck que, decididamente, não nasceu para cantar, e os choradinhos esporádicos das duas meninas dos violinos. Recorrendo a um interessante jogo de vozes, e fazendo uso do poder hipnótico da repetição, "1,000,000 Died to Make This Sound" é o único momento verdadeiramente empolgante.
Já que em termos estritamente musicais o serão não trouxe grandes revelações, valha-nos o refinado sentido de humor de Efrim Menuck, como que a afastar a imagem criada em seu redor, em muito derivada das aves necrófagas nas capas dos discos, ou das histórias constantes de destruição e morte, de enforcados e pregadores loucos. Ainda assim, esta faceta humorística não se revelou totalmente eficaz, já que não evitou algumas tiradas menos felizes vindas da assistência.

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