"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Sad but true

















Ainda me lembro das primeiras músicas ouvidas das Dum Dum Girls, na altura ainda um projecto pessoal de Dee Dee Penny, ela que no fundo tem sido o rosto e a única força criativa daquilo que passou a ser entendido como uma banda. Apesar da baixa fidelidade desses temas, já se pressentia na autora a capacidade para se destacar na escrita de boas canções no numeroso contingente que tanto piscava o olho às memórias indie pós-C86, como aos girl-groups de sessentas. O álbum I Will Be (2010) confirmou essas expectativas, algo que o He Gets Me High, o excelente EP de 2011, fez questão de superar. Depois veio o declínio, precoce como é comum nos nossos dias. E até lhe perdoamos o excesso de pompa dramática do segundo álbum (Only In Dreams, de 2011), seguramente derivada de acontecimentos menos felizes na vida pessoal da sua criadora. O pior foi End Of Daze (2012), um inconsequente e polido EP com único ponto a favor numa versão das esquecidas Strawberry Switchblade, comprovando o ouvido clínico de Dee Dee nesse aspecto.

Já desconfiados, ouvimos o novíssimo álbum Too True e concluímos que, afinal, as Dum Dum Girls são algo tão fake como as milhentas bandas actuais que acusamos de regurgitar e reembalar produto reconhecível para vender como se de novo se tratasse. Desde logo pela reincidência na colaboração com Sune Rose Wagner, ele que com os dinamarqueses The Raveonettes se tornou um mestre nestas coisas da "música plástica". Sem abdicar em absoluto das guitarras enevoadas, talvez para não chocar em demasia os seguidores indie chic, Dee Dee navega agora no mar colorido que fazia a programação dos primeiros tempos da MTV. Portanto, Too True é um desfile de truques daquela new wave requentada para as massas que há trinta anos fazia as delícias do público americano. Assim, tanto pode estar próximo da inconsequência middle of the road de uma Pat Benatar ("Rimbaud Eyes"), como da versão feminina com cio de um Billy Idol ("In The Wake Of You"). O flirt "gótico", que já se adivinhava pela indumentária habitual de Dee Dee, evidencia-se em "Lost Boys And Girls Club", o primeiro single que cairia como ginjas numa prequela da saga Twilight realizada por John Hughes. Para além da expressividade da voz, talvez o grande ponto positivo de Too True seja a novidade surfy de "Cult Of Love". Mas isso são apenas os primeiros dois minutos em trinta possíveis, o que é manifestamente pouco.

 
"Lost Boys And Girls Club" [Sub Pop, 2013]

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