PETE SEEGER
[1919-2014]
Há vidas assim, longas e plenas. Como foi a de Pete Seeger, que ontem morreu com 94 anos, a maior parte deles dedicadas à folk, tornando-se uma autêntica lenda da música de raiz americana.
Para ficar com o seu nome gravado no livro das memórias da música popular, teria bastado a Pete Seeger a autoria - a partir do Livro de Eclesiastes - de "Turn, Turn, Turn!", tema originalmente editado pelo trio The Limeliters, e posteriormente gravado próximo da perfeição na versão popularizada pelos The Byrds. Mas houve muito mais incidências, numa carreira iniciada na década de 1940, essencialmente com canções inspiradas pelas atrocidades da Guerra Civil Espanhola. O teor fortemente politizado da escrita de Seeger fez dele um dos principais percursores da folk interventiva, comparável em importância a Woody Guthrie. Foi, portanto, uma forte influência de Bob Dylan, de quem foi também um impulsionador nos primeiros tempos de carreira. Com a Guerra do Vietname, o discurso de Seeger agudizou-se, e as suas ligações a movimentos de ideologia comunista valerem-lhe o veto do establishment norte.americano. Talvez por isso, passou por décadas de total esquecimento, voltando à ordem do dia apenas em finais de noventas, quando a folk e o americana voltaram a ser motivo de interesse de novas gerações. Com mais vale tarde que nunca, em 2006, Bruce Springsteen dedicou-lhe um álbum inteiro de canções por si inspiradas. Poucos anos antes, já suspeitos do costume como o próprio Boss, Billy Bragg ou Ani Di Franco, haviam participado num disco de tributo.
"Where Have All The Flowers Gone?" [ao vivo em Estocolmo, 1968]
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