"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Do you like Paul Verlaine?
















Embora não seja matéria abundantemente aflorada nas enciclopédias pop, é indesmentível o contributo do chamado Dunedin Sound da Nova Zelândia, criado à volta da lendária Flying Nun Records, no moldar de uma sonoridade da "América alternativa" de noventas. Embora obscura, esta referência está tão presente em bandas como os Pavement ou os Superchunk quanto o estão as iminências post-punk britânicas. À cabeça, é obrigatório referir nomes como Tall Dwarfs, The Clean e The Chills, bandas com uma linguagem muito própria, com laivos de psicadelismo e em regime de baixa fidelidade, embora recuperadora de toda a rebeldia rock que as precedeu, dos Velvet Underground aos Modern Lovers, de Captain Beefheart aos Television. Estes últimos tiveram especial impacto na música dos The Verlaines, banda normalmente não apontada como pioneira como as citadas, mas talvez com maior projecção extra-muros que aquelas. Ainda se encontram activos no presente, depois de inúmeras alterações no line-up, sempre à volta do constante líder Graeme Downes, e a editar com uma regularidade que faz inveja aos seus pares.

Depois dos seminais Toy Love, que por sinal se extinguiram ainda antes da fundação da Flying Nun, são, com alguma surpresa, os Verlaines os contemplados no programa de reedições da editora neozelandesa previsto pela norte-americana Captured Tracks. E logo em pacote duplo, no qual se estranha a não inclusão de Bird Dog (1987), segundo e mais representativo álbum da banda que lhe valeu intensa rotação nas college radios americanas, mesmo antes dos The Chills terem augurado semelhante proeza. Ao invés, a opção recaiu sobre o debute Hallelujah All The Way Home (1985), disco ainda algo imberbe, com canções em estado bruto, dado o seu registo num jangle algo rudimentar. Mais apelativo será Juvenilia, compilação originalmente editada em 1987 e que reúne a totalidade dos temas até então editados em singles e EPs. É um documento que, além de abrangente, permite aferir os progressos da banda, da rudeza inicial ao engrandecimento das canções posterior, sempre altamente romantizadas e aproximarem-se tenuemente do pompa da big music. No alinhamento sobressai "Death And The Maiden", canção pop de primeira água e um quase-hit. É da letra desse tema que se extrai o título acima, referência ao poeta francês que originou o nome da banda mas também o nome artístico adoptado por Tom Verlaine, líder dos Television, denunciado o forte cunho literário das composições de Graeme Downes, bem como os seus tutores musicais. Oiçam, e de seguida corram a comprar, se não ambos os discos, pelo menos o imprescindível Juvenilia.

 
"Death And The Maiden" [Flying Nun, 1983]

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