Olhando para a imagem da pandilha acima, de barbudos e guedelhudos, palpitamos com escassa margem de risco que venham de paragens como a Califórnia. Eles são os White Manna, uma banda que, por razões que a própria razão desconhece, ainda não teve aqui o devido destaque. E eles bem o mereciam com o álbum de estreia homónimo do ano passado, um disco de longas trips ácidas, propícias ao turvar dos sentidos. Pela descrição suponho que já tenham adivinhado que esta é gente que vai beber directamente ao psicadelismo pesadão de inícios de setentas, tendência revivalista bastante concorrida no presente, mas na qual os White Manna se destacam da maioria.
Com o novo Dune Worship, disco que parte de idênticos princípios, o quinteto da cidadezita de Arcata reincide no convite à deriva sensorial. No entanto, logo numa primeira audição, este trabalho permite verificar alguns progressos, bem patentes numa toada mais lenta, diria mesmo mais arrastada. Há um reforço da tendência spacey, com a abundância de ecos, vozes projectadas, e a profusão de sons refractados. Com estas características, este segundo álbum é um mergulho mais profundo nas entranhas da psique, um caleidoscópio que projecta mil cores. Ao ouvi-lo, é impossível não não pensar nos incontornáveis Hawkwind, influência assumida com humildade pelos White Manna, ou até nos espancamentos sónicos dos saudosos Loop. Posto isto, penso que será desnecessário dizer que Dune Worship não traz qualquer novidade ao mundo, apenas e só meia dúzia de temas - longos - feitos com igual medida de reverência e sapiência que irão fazer as delícias de qualquer psychead incondicional.
"Transformation" [Holy Mountain, 2013]
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