Com o finamento dos The Smiths, coube a bandas como The Wedding Present, The House of Love, ou Kitchens of Distiction preencher o vazio deixado em quem procurava na pop alguma emotividade. A estes últimos ainda coube a tarefa de abrir caminho para os delírios sónicos espectrais da vaga shoegazer. Principalmente com o primeiro par de álbuns - os mais recomendáveis - dos quatro que deixaram gravados entre finais de oitentas e meados de noventas. Por outro lado, a sua música recuperava a grandiosidade romântica de uns Echo & The Bunnymen, bem como as guitarras tremeluzentes de uns Cocteau Twins. Não obstante a banda ter caído num certo esquecimento, a matriz foi reutilizada no primeiro disco (o que interessa) de uns tais Interpol, assim como decerto terá inspirado os escoceses The Twilight Sad.
Desde o fim da banda, o frontman, baixista e letrista, Patrick Fitzgerald tem andado a pregar aos peixes, primeiro como Fruit, depois como Stephen Hero. Pelo menos até à reactivação dos Kitchens of Distinction no ano passado, que, com o trio de sempre, não tardaram em gravar o álbum de regresso. Para os saudosistas, que ainda os há em número considerável, Folly tem a particularidade de manter intacta a sonoridade peculiar da banda. Com um barítono amadurecido, e agora um contador de histórias mais refinado, Fitzgerald canta sobre perda, morte ou alienação com a paixão do passado. A guitarra carregada de efeitos de Julian Swales, que tem ganho a vida a compor para dança, teatro e cinema, ainda divaga entre as torrentes de ruído e a delicadeza cristalina. Quem conhece a obra dos KoD sabe que estes novos temas podem ser sufocantes, por vezes comoventes, mas também extremamente sinceros, já que as letras têm invariavelmente um cunho pessoal. Resumindo, digamos que Folly pode não trazer algo a acrescentar à obra dos seus autores, mas tem para os devotos a gratificação de matar as saudades com a banda ao nível do melhor do seu passado. Para os outros, particularmente os neófitos, talvez este disco venha a tempo de repor a justiça do reconhecimento que os KoD merecem.
[3 Loop Music, 2013]
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