"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Ao vivo #113















Pixies @ Coliseu dos Recreios, 09/11/2013

Tenho uma regra auto-imposta de evitar os concertos de chamada grande dimensão. Não, não é uma mania indie, apenas e só constatação resultante da experiência de que a presença das multidões raramente está em sintonia com os espectáculos mais vibrantes e intensos. A acrescer, é certo e sabido que os locais onde normalmente têm lugar (Coliseu ou aquela-coisa-arena) não têm propriamente as melhores condições de acústica para concertos rock. No passado sábado, e com um golpe de sorte de última hora à mistura, abri uma excepção para os Pixies, não só por tudo aquilo que eles representam no meu "crescimento musical", mas também porque nunca me desapontaram nos anteriores encontros, todos já após o regresso ao serviço da indústria da nostalgia.

Às 22 horas em ponto teve início o concerto, e desde o primeiro momento se confirmaram os piores temores relativamente às condições do Coliseu, com um som que, para além de demasiado baixo, tinha algo de unidimensional. Para agravar as primeiras impressões, a parte inicial foi dedicada essencialmente às músicas novas, que não soando propriamente más quando ouvidas isoladamente, sendo mais contemplativas, ficam a perder quando colocadas lado a lado com os inúmeros "clássicos" puramente lúdicos do catálogo dos Pixies. Este sabor agridoce prologou-se durante cerca de meia hora, mas dissipou-se, mesmo sem quaisquer melhorias técnicas, quando começaram a surgir de rajada os ditos "clássicos", um a seguir ao outro e não raras vezes acompanhados em uníssono pelo público. Nesta fase é difícil permanecer quieto sem incomodar a vizinhança, acto de rebeldia desencorajado pela atitude da maioria da assistência - na generalidade na casa dos trinta e muitos ou quarenta e poucos -, mais dada às irritantes palminhas sincopadas do que ao confronto físico. O crescendo de euforia tem o seu pico já perto do final do alinhamento principal, quando os Pixies, ao seu melhor estilo, descarregam uma boa meia dúzia de temas sem qualquer paragem, arruinando as reservas de energia e o fôlego de qualquer um, mas provocando uma agradável sensação de êxtase. Se havia reservas de algum cepticismo relativamente à substituição de Kim Deal pela nova recruta Kim Shattuck, a postura desta, irrequieta e enérgica como a outra nunca foi, conquistou a assistência. Sobre Joey Santiago apetece dizer que os seus riffs incisos não perderam ainda o seu efeito delirante. Quanto a Black Francis, em excelente forma vocal, a maturidade não lhe retirou a tendência para derivar para pequenos acessos de loucura, que ganham expressão nos muitos e súbitos assomos de berraria.

Quanto à parte do alinhamento mais do agrado do público, sobretudo centrado nos dois primeiros e fulgurantes álbuns, convém referir que Bossanova (1990) foi totalmente esquecido. Quanto a Trompe Le Monde (1991), outrora mal amado, mas reavaliado em alta com o passar dos anos, foi condignamente representado. Curiosamente, dos temas deste último desiludiu o incendiário "Planet Of Sound", talvez porque entalado naquele começo mortiço, e por isso menos devastador que o habitual. No entanto, volvida mais de hora e meia, aquele começo periclitante parecia já uma memória distante, depois do desfile de temas de excelência que se seguiu. Resumindo, no global este foi um concerto de nota alta, ambora mais desequilibrado que quaisquer dos outros dos Pixies a que anteriormente assisti.

1 comentário:

Gravilha disse...

gouge away acabou por ser o que melhor me soou; acho que o som foi melhorando até ao final do encore. foi a minha 1ª e ultima vez no coliseu de lx, o som é uma desgraça.