"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Objecto estranho

















Quando se tornaram um sério "fenómeno" underground, os No Age traziam ao mundo uma proposta arrojada, que consistia em esboços de canções atropeladas por nuvens de distorção e muita adrenelina juvenil. Tal fórmula, a que alguém chamou dream-punk, seria aprimorada no superlativo Nouns (2008), álbum de estreia que confirmou as altas expectativas criadas por inúmeros formatos mais pequenos. Não sendo o mau disco, longe disso, o sucessor procurava novas vias, apostando numa linguagem mais directa, mas redundando em mera expressão do angst juvenil que já ouvíramos de outras proveniências.

Com um hiato de três anos no que respeita a álbuns, a dupla teve tempo para controlar tais ímpetos, e confrontar-se com a idade adulta. Como resultado de tal ponderação, com o novo An Object temos uns No Age com novo fôlego, recuperando truques do passado, mas evoluindo enquanto banda a ter de novo em conta. As doses de distorção e feedback são significativas, mas não usadas de uma forma opulenta, antes como interferências estranhas em onze temas - normalmente curtos - que procuram uma melodia. A baixa-fidelidade é uma opção, com uma certa rugosidade baça a cobrir a epiderme de cada tema. Substancialmente contido em termos de energia, An Object deixa entrever um certa sensação de tédio, mesclada com uma frieza austera que nos parece recuperada de alguns exemplares post-punk. A militância arty de bandas de bandas daquele período, como os Wire ou os Gang of Four, é também repescada na temática do álbum, cujo título deriva da seu entendimento como objecto de consumo. São as políticas existencialistas e sócio-económicas novamente na ordem do dia, portanto.

"An Impression" [Sub Pop, 2013]

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