"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 31 de maio de 2011

R.I.P.


GIL SCOTT-HERON
[1949-2011]

Com algum atraso, derivado do "retiro catalão", o April Skies dá também eco a um dos mais tristes acontecimentos recentes no universo musical: a morte de Gil Scott-Heron, poeta, músico, activista e uma das vozes da consciência de uma América negra nos últimas quatro décadas. Emergido do conturbado contexto sócio-político de setentas, foi uma voz incómoda no establishment de uma sociedade em acelerada degradação consumista. Partindo das bases da contra-cultura norte-americana que o antecedeu, e integrando elementos que vão do jazz aos blues, da soul à poesia beat, com um estilo marcadamente spoken word, Scott-Heron acabaria por se tornar figura tutelar para as gerações hip hop vindouras. Este "feito" era visto pelo próprio com alguma ambivalência, talvez por causa da rejeição da violência muitas vezes associada à género.

Por triste ironia, o desaparecimento ocorre precisamente numa altura em que gozava de renovada visibilidade, fruto do álbum do ano passado que rompeu um longo jejum de edições discográficas. Período esse que coincidiu com uma vida errática, marcada pelas drogas e as várias condenações pela justiça. Para o recordar, recuemos até ao começo, com aquele que será, porventura, o seu tema mais icónico. O mesmo que serviu de mote ao fiel discípulo Chuck De aos seus Public Enemy para uma das maiores revoluções musicais do último quarto de século.


"The Revolution Will Not Be Televised" [Flying Dutchman, 1970]

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