"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Discos pe(r)didos #53








SEAM
Headsparks
[Homestead, 1992]




Formados em Chapel Hill, a partir das cinzas dos Bitch Magnet, os Seam jogam num campeonato à parte no cenário indie norte-americano de inícios de noventas. Não alinham pela tendência grunge que a MTV e a avidez das multinacionais haveriam de transformar no monstro que todos conhecem, nem tão pouco se inscrevem no rol de revivalistas power-pop. Também não enveredam pela toada sad/slowcore, pese embora a sua música carregue uma certa dose de melancolia, mas com a carga melódica suficiente para receber o rótulo pop.

Eventualmente, das bandas emergentes à época, talvez se possam assacar alguns pontos de contacto com os Superchunk, com os quais partilham as descargas da energia, mas não o pendor punkóide. Em Headsparks, o álbum cartão-de-visita, os paralelismos são compreensíveis pelo envolvimento de Mac McCaughan, líder daqueles, nas funções de baterista. Idêntico papel foi também desempenhado fugazmente por John McEntire (Bastro, Tortoise, The Sea and Cake, etc.). Para longa-duração de estreia, Headsparks surpreende pela coesão demonstrada pelos músicos que compõem o quarteto, facto a que não será alheio o passado musical comum a alguns deles. Os quatro primeiros temas, exemplares no bom uso das guitarras distorcidas mas que não enjeitam a melodia, exalam energia juvenil por todos os poros. Do lote, destaca-se "Pins & Needles", feito da mesma dinâmica loud/quiet/loud que fez a fama dos Pixies, mas com a sobriedade suficiente para evitar aproximações mais evidentes. Com um banho de melancolia assinalado por riffs cortantes, "Feather" vem pôr um travão no ritmo desenfreado. A soturnidade ganha outro esplendor no sublime "New Year's", tema anteriormente gravado pelos Codeine, compinchas mais talhados para o retardador slowcore, mas original dos Seam. Não fosse a contenção turva da voz de Sooyoung Park, por oposição ao nasalado expressivo de David Gedge, e "King Rice" e o derradeiro "Granny 9x" poderiam muito bem fazer parte do petardo de angst sobre mar de guitarras consumado pelos Wedding Present de Seamonsters. No meio da obscuridade, os resquícios de luz são por conta de Sarah Shannon, a vocalista dos Velocity Girl convidada e responsável pela dose de sacarina do delicioso "Shame".

Com o resto da carreira com sede em Chicago, os Seam apresentaram a partir daqui inúmeras mexidas na formação, na qual Sooyoung Park foi o único elemento constante. Contudo, até à extinção, em finais da década de 1990, editaram mais um trio de álbuns de excelência comparável à da estreia, o que faz deles um objecto de devoção obrigatória para qualquer cultor do melhor e mais verdadeiro indie-pop/rock.


"Pins & Needles"


"New Year's"


"Shame"

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