"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

sexta-feira, 13 de maio de 2011

10 anos é muito tempo #28








RAFAEL TORAL
Violence Of Discovery And Calm Of Acceptance
[Staubgold / Touch, 2001]




Primeiramente revelado como abusador da distorção, e pelas inúmeras colaborações nos mais arrojados projectos da pop portuguesa, Rafael Toral é hoje um dos músicos portugueses mais reconhecidos extra-muros. Aqui, a palavra reconhecimento não se traduz no número de discos vendidos, obviamente diminuto, mas sim pela afirmação junto dos seus pares. No caso, a comunidade de músicos que combinam as texturas de guitarra com as possibilidades electrónicas, tendência à qual, por comodidade, se convencionou designar glitch.

Em boa medida, essa afirmação deve-se a Violence Of Discovery And Calm Of Acceptance, o álbum lançado aproximadamente na mesma altura que gente como o austríaco Christian Fennesz desenvolvia uma linguagem semelhante. O disco é composto por uma dezena de temas, normalmente curtos para os parâmetros do género. Numa primeira abordagem, todos eles soam a meros esboços, tal a subtileza que Rafael Toral põe na edificação das ambiências. Só com insistência e ouvido atento se consegue desfrutar das tonalidades em progressão que os drones de "guitarra tratada" desenvolvem. Ou dos pormenores ínfimos, mas não dispensáveis, que cada tema encerra. O clima é, no geral, sereno e convidativo à introspecção, o que faz deste disco um contraponto reflexivo à opressão que, por norma, está associada a obras similares.

Segundo declarações avulsas, datadas da altura do seu lançamento, Violence Of Discovery... é uma espécie de regressão à infância, marcada pelas inventivas bandas sonoras das séries de ficção-científica, nomeadamente as de origem britânica. Neste refluxo, Rafael Toral convida também o ouvinte a uma viagem, mais concretamente aos seus mundos interiores, imersos em fantasias e com a aura de mistério que o título sugere. Um título, de resto, obrigatório em qualquer colecção de gente com ouvidos desempoeirados.


"Desirée"


"We Are Getting Closer"

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