"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Erika que se lembra das suas vidas anteriores















Foto: Steve Martinez

Não, este pasquim ainda não se rendeu à ditadura da pop borbulhante, como pode fazer supor a imagem da miúda acima. Ela é Erika M Anderson, uma nativa da remota Dakota do Sul entretanto migrada para a metrópole de Los Angeles. Os mais informados sabem que em tempos militou nos Amps for Christ e, mais recentemente, na dupla Gowns. Nestes últimos, deixou gravado um álbum único (Red State, de 2007), autêntico tratado de música exploratória na insólita confluência da folk com o noise.

Em solitário, Erika assina apenas com as iniciais EMA e apresta-se para lançar Past Life Martyred Saints, o álbum debute. O disco sai apenas na próxima semana, mas o April Skies já teve o privilégio de o escutar e pode afiançar-vos que constitui o passo natural tendo em conta passado da autora. Normalmente, os temas partem de uma matriz bluesy, mas vêm qualquer tentativa de ortodoxia ser sabotada pelas injecções de ruído infligidas pelos pedais de distorção. À falta de outra adjectivação, as letras, que se presumem baseadas em experiências pessoais, são de uma crueza raramente escutada em tempos recentes. É a partir da dureza da palavras, e da intensidade com que são proferidas, que EMA revela traumas, expia demónios, e confessa as mais negras perversões. Grosso modo, soa como se do cruzamento dos genes de Lydia Lunch, Cat Power, Carla Bozulich e Patti Smith, tivesse sido gerado um pequeno monstro impiedoso. Alargando o espectro de referências, não será descabido citar também os canadianos Godspeed You! Black Emperor.

Apesar do carácter pouco amistoso, e da estrutura pouco convencional das canções, sou levado a crer que, a breve trecho, Past Life Martyred Saints seja objecto de culto relativamente alargado. Como sempre, o som e as imagens valem mais que mil palavras:

"California" [Souterrain Transmissions, 2011]

3 comentários:

strange quark disse...

Olha, ela faz-me lembrar uma Kim Wilde desalinhada :))

M.A. disse...

Também me ocorreu, essa ou uma qualquer descendente. Daí o aviso logo no começo. E ouviste? O que achaste?

strange quark disse...

Ouvi sim senhor. E até fui ao tubo buscar mais coisas, que constatei terem sido bloqueadas por violação de direitos (a tal cena, pelos vistos, de colocar cá fora músicas antes de tempo pela malta). Achei interessante e promissor, mas soube-me a pouco para dar uma opinião mais consistente. A ver se quando sair o disco ouço mais umas.

Um abraço