"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 4 de março de 2008

EM ESCUTA #25

















ATLAS SOUND

Let The Blind Lead Those Who Can See But Cannot Feel

(Kranky, 2008)

A génese deste disco remonta à adolescência de Bradford Cox, período em que uma doença degenerativa o obrigou a um internamento hospitalar que lhe roubou um Verão.
Aproveitando o merecido repouso dos extraordinários (substituir por outro adjectivo semelhante, a gosto) Deerhunter após um longo período na estrada, o seu líder aproveitou para ordenar as ideias entretanto deixadas em banho-maria. Daí resultou Let The Blind..., gravado em solitário no Verão passado. E note-se que o termo solitário é para ser levado à letra, já que os únicos nomes constantes na ficha técnica, além do próprio Bradford, são Brian Foote, co-responsável pelas misturas, e Bob Weston (dos Shellac), a quem coube a masterização.
Sem surpresas, um disco gravado sob estas premissas tem de ser um disco de forte cunho pessoal. O que surpreende, dado o teor melancólico e intimista desta obra, quase fechada sobre si própria, é a luz que emana de Let The Blind....
Com o mote dado por "Ghost Story", o tema que em jeito de intro abre o disco, somos transportados ao longo de cinquenta minutos para um universo paralelo, um mundo hiper-romântico onde se revisita a ingenuidade da infância.
O catorze temas apresentados são construídos a partir de densas camadas sobrepostas de sons sintéticos e instrumentos físicos. Tal como em Cryptograms (2007), o segundo registo e aquele que deu visibilidade aos Deerhunter, abundam os trechos instrumentais. Porém, desta feita, e graças ao tom mais cristalino, Let The Blind... não denota aquela toada abstraccionista que ainda deixava transparecer uma certa indefinição naquele disco.
Canções escorreitas, no mar de interferências várias, é difícil apontá-las. No entanto, arriscaria destacar "River Card" e "Quarentined", momentos mais convencionais e, simultaneamente, de maior sedução num disco que funciona como um todo.
Sendo ainda prematuro para este tipo de vaticínios, ouso afirmar que 2008 terá de ser um ano de colheita excepcional para que Let The Blind... possa ficar fora da lista dos melhores do ano.
Como forma de aliciamento, deixo-vos um docinho:

"River Card"

2 comentários:

extravaganza disse...

Este e o último dos Gravenhurst são os meus 2 vícios actuais!!

Shumway disse...

Já o recebi. E é fantástico.
Mais um post a caminho... :-)
Abraço