"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Singles Bar #81









GALAXIE 500
Tugboat
[Aurora, 1988]




Sobre o primeiro contacto com os Galaxie 500, ao ouvir o mesmo acorde repetido durante cinco minutos, Mark Kramer disse um dia que pensou estar na presença de um grupo de debilitados. Ultrapassada a má impressão inicial, surgiu a química entre produtor e banda, gerando uma aliança que duraria até aos últimos dias do trio de Boston. A parceria renderia apenas três álbuns, todos eles contidos nas variantes melódicas, acolhidos apenas por uma escassa legião de fiéis durante a vida da banda, mas nas décadas seguintes citados por uma vasta descendência.

O primeiro fruto da sagrada aliança foi um single de tiragem limitadíssima, suficiente para seduzir os executivos da Rough Trade, que apostaram nos Galaxie 500 e fizeram deles nome de culto, não só no Reino Unido, mas um pouco por toda a Europa. "Tugboat", o tema principal desse registo, e um pouco à semelhança do que acontece com muitas bandas que realmente deixam marca, ainda hoje é apontado como um dos seus temas representativos. Curiosamente, a tentativa de melodia inicial, com a guitarra num triste lamento, é um dos raros momentos no reportório da banda que foge à repetição ostensiva e vagarosa de uma simples nota. Estão lá, contudo, outras marcas inconfundíveis da sonoridade típica dos Galaxie 500, que posteriormente ajudou a definir a matriz do sad/slowcore, tais como o abuso do delay e do reverb e a devoção sacramental pelos Velvet Underground. Na letra, da mais sincera inocência, Dean Wareham confessa-se um anti-social, um ser de um inconformismo passivo que não tem lugar junto do "rebanho" da normalidade. Versos como "I don't wanna stay at your party / I don't wanna talk with your friends / I don't wanna vote for your president / I just wanna be your tugboat captain", que soariam completamente tolos noutros, fazem todo o sentido quando entoados com a paixão dos Galaxie 500. Virada a rodela para o lado b, encontramos "King Of Spain", um tema talvez mais imberbe, imerso no terceiro disco dos citados Velvet Underground pelo timbre tipicamente reediano e a bateria esparsa, em voltas constantes em redor de único acorde.


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