"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

domingo, 6 de janeiro de 2013

Astronomy domine

















Na viragem dos oitentas para os noventas, antes de os Nirvana terem preparado o mainstream para a assimilação do american underground, os Big Dipper foram uma das vítimas da falta de preparação das multinacionais para lidar com tais sonoridades. Porém, antes do único e falhado disco por uma major,  que acabou por ditar o fim da banda, lançaram, com selo da Homestead Records, um par de álbuns que os afirmou como um dos nomes de referência do espectro indie ianque daquela época. Nem sempre com igual reconhecimento deste lado do Atlântico, diferenciavam-se da maior abrasividade de muitos dos contemporâneos com uma abordagem mais melódica, com referências jangle-pop, power-pop, e algumas pinceladas de psicadelia.

Em 2008, após a edição de uma antologia, um quarteto composto pela quase totalidade da formação original da banda, das primeiras a emergir da incontornável "cena" de Boston, regressou aos palcos para os obrigatórios concertos em nome da promoção e da nostalgia. Pelos vistos, a reunião inicialmente pensada como temporária reacendeu o entusiasmo que a má experiência de quase duas décadas antes esmoreceu. De tal forma que, já na recta final do ano passado, os Big Dipper lançaram o álbum Big Dipper Crashes On The Platinum Planet, uma vez mais pejado de referências à astronomia, uma tradição da banda que vai muito além do próprio nome. Lançado com alguma discrição nestes tempos em que a boa pop de guitarras parece votada ao desprezo pelos fazedores de modas e tendências, o novo disco está ao nível dos pergaminhos dos seus autores. Com uma dúzia de temas, recupera a marca identitária de uma power-pop, vagamente raivosa, entoada a duas vozes, na circunstância as de Bill Goffrier e de Gary Wailek. A dupla também se entende às mil maravilhas nos diálogos de guitarras, às vezes ríspidas, mas sempre com uma dose energética que já pouco se usa. Um bom exemplo é "Guitar Named Desire: The Animated Sequel", o magnífico tema de encerramento que é uma sequela/remake do tema que fechava Heavens (1987), o histórico álbum de estreia. A capa de ...Crashes On The Platinum Planet ficou a cargo de um tal Robert Pollard, um entusiasta que tem os Big Dipper como um das bandas predilectas. O mesmo que vê o favor retribuído com um tema-homenagem, por acaso - ou talvez não - feito da mesma reverência em regime lo-fi às memórias da British Invasion que fizeram a fama dos Guided by Voices.

 
"Robert Pollard" [Almost Ready, 2012]

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