"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Medicinas alternativas












Embora de génese britânica e com maior impacto em terras de Sua Majestade, a vaga shoegaze também deixou marcas do outro lado do Atlântico. Com algum atraso e menos originalidade, é certo, mas são muitos os casos de bandas norte-americanas de noventas alinhadas com o "movimento", bem antes do revivalismo a que assistimos de há uns anos a esta parte. Um dos casos mais visíveis é o dos Medicine, banda californiana onde pontificavam Brad Laner e Shannon Lee, eles que habitualmente aternavam vozes ao melhor estilo boy/girl dos "padrinhos" My Bloody Valentine. Tiveram a honra de assinar pela American Recordings, a editora do peso-pesado Rick Rubin, e mereceram distribuição europeia pela Creation Records, a casa-mãe oficiosa do shoegaze. Estiveram activos até 1995 e regressaram em 2003, agora apenas para perpetuar as conquistas do passado.

Concentremo-nos então na fase da vida dos Medicine que realmente importa, a dos primórdios. É precisamente esse período que merecerá a atenção da iniciativa The Shoegaze Archives da Captured Tracks, mais concretamente com a recuperação dos dois primeiros álbuns: Shot Forth Self Living (1992) e The Buried Life (1993). O par de discos, com reedição apontada para a próxima Primavera, é paradigmático das sonoridades shoegaze tipicamente americanas, substancialmente mais melódicas que as britânicas e com as vozes a sobressaírem com mais evidência das cascatas de distorção. Portanto, não venham aqui à procura das torrentes sónicas dos Ride ou das atmosferas carregadas dos Slowdive. Esperem antes encontrar uma versão distorcida da frescura dos Lush. Antes, porém, a mesma editora prepara um rebuçadinho para os melómanos ávidos de objectos raros, na forma de 7" de tiragem limitada que reúne "Time Baby II" e "Miss Drugstore", provavelmente os dois temas mais memoráveis de toda a obra dos Medicine. Convido-vos a escutar o primeiro, na sua versão original, mais simples e eficaz do que aquela que apareceria na banda sonora do filme The Crow, arruinada pela opulência da produção.


"Time Baby II" [Creation, 1993]

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