"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Cristal radiante













Quando se estrearam em formato longa duração com Alight Of Night (2008), os nova-iorquinos Crystal Stilts tinham para oferecer uma proposta que os diferenciava do restante pelotão norte-americano de revivalistas indie, maioritariamente alinhado com o jangle-pop emanado pela já célebre C86. Esse era um disco mergulhado nas trevas, registado de forma rugosa para soar opressivo, que esteticamente se situava na confluência imaginária dos Velvet Underground com os Joy Division e com as produções de Phil Spector nos idos de sessentas. Já deste ano, o brilhante In Love With Oblivion é um registo substancialmente mais arejado, ainda que com uma boa dose de obscuridade. Com uma gravação mais próxima da alta-fidelidade, deixa libertar os impulsos "garageiros" da banda.

Num meio termo entre os dois álbuns, o novíssimo EP Radiant Door serve essencialmente para nos demonstrar que, por esta altura, os Crystal Stilts são já uma banda que soube assimilar as suas referências para criar uma linguagem muito própria. Por um lado, recupera os ambientes mais sombrios da estreia, por outro alinha pela toada garage e pelo dose de reverberação dos tempos mais recentes. Óptimo exemplo desta última faceta é a assombrosa versão de "Still As The Night" (original do malogrado Lee Hazlewood), a explorar com sucesso as características de crooner da voz de Brad Hargett. Já na outra versão incluída nos cinco temas do EP ("Low Profile", original dos Blue Orchids, psych-post-punkers dissidentes dos The Fall), o protagonismo dos teclados, combinados com as guitarras minimalistas, evidencia aquilo que já antes latejava na música dos Crystal Stilts, que é a influência do indie-pop pioneiro de bandas neozelandesas como The Clean ou The Chills.


"Still As The Night" [Sacred Bones, 2011]


"Low Profile" [Sacred Bones, 2011]

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