"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ao vivo #77















Real Estate @ Galeria Zé dos Bois, 03/12/2011

Sob a aura do magnífico Days, os jersianos Real Estate aterraram pela segunda vez em terras lusas. A julgar pela devoção inabalável da turba que lotou por completo a ZdB na noite de sábado, a acontecer uma terceira, poderá muito bem ser noutros palcos de maiores dimensões. Neste particular não vos posso esconder a satisfação que sinto pelo crescente reconhecimento da banda, uma das que "apoiei" desde a primeira hora e que não pára de me surpreender a cada novo registo.

Também ao vivo (e já vou em quatro concertos para contar aos netos!) os Real Estate são algo de especial, deixando de lado os artifícios supérfluos e os maneirismos estudados, e apostando tudo na pureza da música. E que música! Canções na dose certa de melancolia e doçura juvenil, de melodia e grão lo-fi. Com alguma má-vontade podemos sempre dizer que lembram The Feelies, Yo La Tengo, ou até The Smiths e Galaxie 500, mas reduzir as canções imensas dos dois álbuns de estúdio que preencheram o espectáculo a tais comparações será sempre injusto para com a receita única de banho de sol que os Real Estate lhes infligem, daí resultado uma pop desbotada de traça intemporal. Às referências que a banda cita sem pudor, antes sincera humildade, podemos agora também juntar os Felt, devidamente homenageados numa inspirada versão de "Sunlight Bathed The Golden Glow", interpretada já perto do final e da merecida ovação. 

Em jeito de conclusão, e porque me escasseiam as palavras para descrever a hora e meia de encantamento, posso dizer-vos que sábado à noite foram muitos os momentos em que me senti transportado para algures na América de sessentas, quando bandas como The Beach Boys ou The Byrds davam os primeiros passos, longe de imaginar que estavam prestes a escrever algumas das mais belas páginas da pop. Sem ponta de exagero, e a multidão que não arredou pé por um instante é minha testemunha, na actualidade, os Real Estate vão assumindo papel idêntico, lenta, lentamente, e sem precisarem de ver o seu nome associado a tendências e movimentos artificialmente criados.

2 comentários:

Lídia disse...

O que é que achaste das Pega Monstro?

M.A. disse...

Devido a um jantar-convívio cheguei já perto da hora dos Real Estate. Mas tenho alguma curiosidade em vê-las e julgo que não me faltarão oportunidades.