"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

What Katie did















Foto: Ryan Russell

Apesar de jovem, bastante jovem mesmo, Katie Crutchfield é aquilo que poderemos considerar uma veterana no universo indie norte-americano. Sempre na companhia da irmã gémea Allison, vocalista e guitarrista dos Swearin', tem passado por bandas desde a adolescência, a mais visível de todas os engraçaditos p.s. eliot. A sua carreira ganhou novos contornos desde que se apresentou como Waxahatchee. Foi com esta nomenclatura que se tornou conhecida de uma pequena minoria, graças a American Weekend (2012), um pequeno segredo em registo acústico de baixa fidelidade com um intimismo alarmante.

Com o mais recente Cerulean Salt ocorreram mudanças, tanto nos processos como no índice de visibilidade daí resultante. Desde logo porque este segundo disco, ainda que de vincado cunho pessoal, foi registado com a colaboração de elementos emprestados da banda da irmã. A electricidade entra em cena, e em certos casos Katie aborda a distorção ao jeito em voga em meados de noventas. Contudo, as canções retêm o mesmo cariz confessional algo torturado. Nelas, pressentem-se ecos tanto o intimismo delicado de um Elliott Smith como o descarnado de uma Cat Power de outras eras, bem como as marotices de uma Liz Phair ou de uns Helium. Aparentemente, será justo dizer que Cerulean Dream não acrescenta um ponto à história recente da pop, facção indie, dos states. Porém, é de justiça que se reconheça a Katie Crutchfield a capacidade de expressar os dramas e as angústias, os dilemas e os medos da entrada na idade adulta em canções de uma sinceridade quase imaculada que já rareia.

 
"Coast To Coast" [Don Giovanni, 2013]

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