"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 30 de julho de 2013

Good cover versions #76












SQUAREPUSHER - "Love Will Tear Us Apart" [Warp, 2002]
[Original: Joy Division (1980)] 

squarepusher - love will tear us apart (joy division cover) by The Best of Shoegaze & Dreampop on Grooveshark

Já alguém cantou "Let's dance to Joy Division and celebrate the irony", certamente motivado pelas imagens de hordas de jovens ébrios a dançar efusivamente ao som da canção que serviu de epitáfio ao suicida Ian Curtis. Embora inspirada pelo dilema de um jovem em crise, dividido entre as obrigações conjugais e a excitação de uma amante, "Love Will Tear Us Apart" já chegou ao cúmulo de servir de banda sonora a ambientes festivos. Quanto ao estatuto de tema sagrado e intocável, à semelhança de tantos outros dos Joy Division, já nem os mais acérrimos seguidores da tendência "corta-pulsos" querem saber. Ao longo dos anos, a mais célebre canção da banda de Manchester já foi alvo de inúmeras versões, as mais conhecidas por Paul Young e pelos Swans (estes em dois diferentes registos). Em qualquer dos casos, e embora não seja defensor da tese de que há temas intocáveis, os resultados são sofríveis, o primeiro porque transforma "Love Will Tear Us Apart" numa xaropada que nada tem a ver com o seu conteúdo, e os últimos porque investem numa atmosfera de tiques "góticos" com a qual nem o Ian Curtis dos seus momentos mais down se identificaria.

Eventualmente, a única versão que conheço capaz de reproduzir a frieza intentada pelos Joy Division, embora disfarçada pelo espalhafato das guitarras, é a de Squarepusher, alter ego de Tom Jenkinson, nome ligado aos abstraccionismos electrónicos da Warp Records. Mesmo vinda de alguém que no seu extenso catálogo nos habituou ao imprevisível, esta interpretação de "Love Will Tear Us Apart" não deixa de surpreender por ser talvez o único tema com a chancela Squarepusher a aproximar-se do formato canção. É também um dos poucos em que podemos escutar a voz de Jenkinson, embora num registo sussurrado que, a espaços, se desvanece sob o rigor das texturas gélidas e minimalistas. Embora extremamente fiel ao original, extrai-lhe qualquer traço de exuberância, retendo apenas a frieza maquinal que já se vislumbrava nas entrelinhas. Curiosamente, o resultado não está muito distante de alguns exercícios idílicos levados a cabo por uns Flying Saucer Attack.

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