"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Tiger cut

















Há uma teoria que diz que, na música popular, os ciclos revivalistas ocorrem em períodos aproximados de vinte anos. Tal tese cai por terra se pensarmos na obsessão pelo novo de oitentas, que votou quase ao desprezo as boas memórias dos sixties. Contudo, a mesma teoria faz todo o sentido nas duas décadas seguintes, principalmente na primeira do novo século, da qual ainda recordamos com náusea a vulgaridade com que foram tratadas as referências post-punk. Portanto, no presente estaremos a atravessar uma época de revisitação da década de 1990, algo que se vai verificando, felizmente, com maior critério e maior contenção que naquele passado próximo. Sobre este tema penso já vos ter falado, talvez demasiadas vezes, a propósito de bandas tão díspares como os Yuck, os Japandroids, ou os Male Bonding.

Para juntarem ao rol, hoje queria hoje falar-vos dos Speedy Ortiz, um quarteto da área de Boston que faz questão de resumir parte do catálogo da era dourada da Matador Records, a editora que melhor soube entender as benesses do abrir de portas propiciado pelo boom dos Nirvana. A demonstração está em Major Arcana, um pequeno mas superlativo álbum com dez temas que farão as delícias dos adeptos das guitarras desalinhadas e da dinâmica quiet-loud-quiet. Derivado de serem encabeçados por um elemento feminino, trazem à memória duas das mais notáveis damas do espectro indie da primeira metade de novetas, nomeadamente Liz Phair e Mary Timony, esta última vocalista dos Helium. Tal como aquelas, Sadie Dupuis é dona de uma delicadeza falsamente ingénua, com uma queda para marotice que tanto espicaça como embaraça o público masculino. Das bandas de homens também se detectam ensinamentos, mormente a tensão post-hardcore de uns Unwound ou a imprevisibilidade dos riffs de uns Pavement. Se toda esta panóplia de (boas) referências poderia ser um factor redutor para os Speedy Ortiz, acaba por ser um trunfo quando bem doseada num lote de canções de qualidade que dificilmente encontramos na esmagadora maioria das hordas de "bandas tributo" dos tempos que correm.

 
"Tiger Tank" [Carpark, 2013]

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