Nunca serão demais as publicações que façam jus ao trabalho de Sonny Smith. Isto porque, tanto ao nível da qualidade como da quantidade, este californiano tem sido incansável na recuperação da pureza pop de outros tempos. Principalmente com os Sonny and The Sunsets, o projecto de formação que lhe ocupa a maior parte do tempo. Se bem se lembram, ainda mal passou um ano desde que este editaram Longtime Companion, o já há algum tempo prometido "álbum country". Como característica, este disco tinha ainda uma atmosfera de gravidade pouco habitual em Smith, isto porque expiava demónios do fim de uma relação amorosa já duradoura.
Doze meses volvidos, e com o novo Antenna To The Afterworld, Sonny reincide nalguma seriedade. Desta feita, as onze canções de travo retro debruçam-se amiúde sobre a mortalidade e o sentido da vida. Segundo apurámos, é mais um trabalho com cunho pessoal, já que procura inspiração na morte de alguém próximo. Nas letras, que cedem às reflexões metafísicas, são também constantes as sugestões de imagens de deriva espacial, algo que não conseguimos escutar sem esboçar um sorriso de simpatia pelos fofice dos quadros sugeridos. Neste particular, Sonny Smith não se esquiva à auto-citação, remetendo-nos para o trabalho isolado de Earth Girl Helen Brown, projecto por si patrocinado do qual já gostaríamos de ter novidades. Guiado por sintetizadores rudimentares, e com a voz nasalada e as guitarras registadas no mesmo regime de baixa-fidelidade, Antenna To The Afterworld espraia-se pelas diferentes sensibilidades do seu autor, com uma pincelada psych aqui, e um travo folky acolá. Contudo, o sentido de canção pop é constante, ou não fosse este mais um delicioso trabalho de alguém que, como poucos no presente, entende tal conceito.
"Green Blood" [Polyvinyl, 2013]
Sem comentários:
Enviar um comentário