Desde os primeiros contactos com a música de Kurt Vile que prevíamos que, mais cedo ou mais tarde, a aclamação do jovem músico de Filadélfia extravasasse o restrito circuito do cultores do chamado psych-folk. Nesses dias de underground, o talento era uma constatação óbvia, embora a opção pela "baixa-fidelidade" fosse impedimento à ascensão a outros patamares de visibilidade. Com o tempo, as edições discográficas foram sendo mais espaçadas, mais de acordo com os timings estandardizados no universo pop/rock, devidamente acompanhadas pelo aprumo técnico. Nos dois últimos discos, justamente acompanhados pelo crescimento da visibilidade pública, essas mudanças são bem patentes. Pelo meio, e talvez pressentindo o novo rumo da carreira individual e as necessidades de responder às solicitações, o próprio abandonou a "part-time" nos The War on Drugs.
Pese embora as mudanças técnicas, o que ainda não se alterou na música de Kurt Vile é aquela sensação que transparece de constante atordoamento. Como se, em cada tema, o músico tivesse acabado de acordar mas se preparasse já para nova entrega ao sono. Como tal, não sabemos se num exercício de auto-ironia, não poderia surgir com um título mais apropriado do que o do novíssimo Wakin On A Pretty Daze. Deste disco, que em certa medida é uma evolução na continuidade, poderemos dizer que é o mais expansivo da sua já considerável discografia, e que o adjectivo não se aplica apenas à generosa duração do mesmo - próxima dos 70 minutos. Com efeito, os temas alongam-se com um propósito, o de nos enredar nas ladainhas da guitarra, repetitivas com o intuito de provocar no ouvinte um estado lisérgico semelhante ao do autor. Apesar do clima deixar transparecer que Kurt Vile vive num reduto só dele, alheado do mundo exterior, é quase impossível não se sentir tocado por estas onze canções ligeiramente confessionais, mas sobretudo percorridas por uma agradável preguiça.
Pese embora as mudanças técnicas, o que ainda não se alterou na música de Kurt Vile é aquela sensação que transparece de constante atordoamento. Como se, em cada tema, o músico tivesse acabado de acordar mas se preparasse já para nova entrega ao sono. Como tal, não sabemos se num exercício de auto-ironia, não poderia surgir com um título mais apropriado do que o do novíssimo Wakin On A Pretty Daze. Deste disco, que em certa medida é uma evolução na continuidade, poderemos dizer que é o mais expansivo da sua já considerável discografia, e que o adjectivo não se aplica apenas à generosa duração do mesmo - próxima dos 70 minutos. Com efeito, os temas alongam-se com um propósito, o de nos enredar nas ladainhas da guitarra, repetitivas com o intuito de provocar no ouvinte um estado lisérgico semelhante ao do autor. Apesar do clima deixar transparecer que Kurt Vile vive num reduto só dele, alheado do mundo exterior, é quase impossível não se sentir tocado por estas onze canções ligeiramente confessionais, mas sobretudo percorridas por uma agradável preguiça.
"Wakin On A Pretty Day" [Matador, 2013]
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