Apesar de a sua actividade enquanto banda se resumir a pouco mais de ano e meio, na viragem dos setentas para oitentas, os Toy Love representam um papel fulcral na fundação do indie-rock neozelandês em geral, e pelo chamado Dunedin Sound em particular. Sem eles, muito provavelmente a mítica editora Flying Nun nunca teria arrancado, e bandas como The Clean, The Chills, ou The Bats, entre tantas outras, a existirem, soariam muito certamente de outra forma. São bandas de expressão diminuta para muitos, mas extremamente representativas na produção musical indie da Nova Zelândia, matéria de estudo obrigatória para qualquer geek que também se interesse por idênticas facções musicais oriundas da Escócia ou do norte dos Estados Unidos.
Naquele curto período de tempo, os Toy Love lograram chegar às multinacionais, tendo lançado um álbum - homónimo - cuja mistura final algo rugosa deixou a banda pouca satisfeita. Foi para lhes fazer justiça que, já em 2005, a Flying Nun lançou a compilação dupla intitulada Cuts, que contemplava a totalidade da obra gravada, inclusive a mistura original do álbum único que era mais do agrado da banda. Foi através desta que ficou acessível a um público mais alargado a proposta dos Toy Love, em raros momentos rendidos às estilizações new-wave da época, na esmagadora maioria dos temas fazedores de uma pop intrépida que não renega as raízes punk quando ainda se chamavam The Enemy, a primeira banda do género na Nova Zelândia. Os temas, tensos e fracturados, são o equivalente das antípodas à subversão que, na mesma altura, The Fall e Swell Maps imprimiam no cenário pós-punk do Reino Unido. Porém, e por oposição à atitude distanciada dos vocalistas destas bandas, Chris Knox mostrava-se empenhado, quase apaixonado, quando abordava nas canções os assuntos mais mundanos, isto quando inteligíveis. A postura negligente seria assumida nos Tall Dwarfs, banda que fundou juntamente com o guitarrista Alec Bathgate logo a seguir à dissolução dos Toy Love, e que esteve na linha da frente da citada Flying Nun.
Para juntar à anterior compilação, e dando início a uma série massiva de reedições daquela editora incontornável, em parceria com a norte-americana Captured Tracks, acaba de ser lançada Toy Love, não o álbum isolado, mas uma colectânea em vinil duplo. Neste novo pacote podemos encontrar os três singles lançados e respectivos b-sides, versões demo de inúmeros temas, e gravações ao vivo. Será, com certeza, o primeiro de muitos lançamentos que virão aprofundar a nossa crise.
[Elektra, 1979]
[WEA, 1980]
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