Voltamos hoje ao constante retorno ao passado que é a música actual e à Califórnia, terra que tem sido pródiga nessas viagens no tempo. É de lá, mais concretamente de San Francisco, que são os Wax Idols, quarteto quase exclusivamente feminino com uma proposta deveras interessante, daquelas em que as fontes de referência, embora identificáveis, se misturam sem primazias para dar origem a uma linguagem algo própria. A prova está em No Future, o álbum de estreia de finais de 2011 que passou despercebido a meio mundo, e que gravita em torno de diferentes tendências de finais de setentas para inícios de oitentas. Nos temas que o compõem, curtos e directos, sentimos tanto o espírito rock'n'roller de uma Joan Jett, como o modo do-it-yourself de fazer as coisas de algum post-punk, com alguma sujidade e muita irreverência à mistura.
Com lançamento previsto para finais deste mês, os Wax Idols têm pronto Discipline & Desire, disco com selo da Slumberland Records, que entretanto lhes deitou a mão. Segundo anúncios da editora, este segundo álbum focaliza-se ainda num passado relativamente distante, no entanto avançando a mira para a primeira metade da década de 1980. Ao contrário do trabalho anterior, que foi concebido quase na íntegra pela mentora Heather Fedewa, Discipline & Desire é fruto do trabalho conjunto do quarteto. Ainda segundo a mesma fonte, o clima está agora mais em consonância com a nebulosidade das ilhas britânicas do que propriamente com o sol californiano. Para o adensar do negrume, dizem-nos, contribuem ecos de Siouxsie & The Banshees e de alguns projectos ligados à 4AD dos primeiros tempos, algo que a primeira amostra nos confirma:
"Sound Of A Void" [Slumberland, 2013]
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