"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

terça-feira, 5 de março de 2013

Ao vivo #103

















Yo La Tengo @ Casa da Música, 02/03/2013

Velhas e respeitadas raposas da cena indie, os Yo La Tengo têm já vasto historial nos palcos deste rectângulo. Mas nem por isso deixam de, a cada vinda, merecer mais um banho de multidão. Desta vez traziam consigo o aliciante de um novo álbum, talvez o melhor que ouvimos deles na última década. Se a isto somarmos uma vontade imensa de rever pessoas amigas, estavam reunidas as condições para mais uma romaria a norte, onde, por acaso, os Yo La Tengo tocavam numa sala com condições consideravelmente melhores que as da sala que lhes fora reservada na capital.

De forma muito resumida, podemos dizer que o concerto do passado sábado, longo de quase duas horas, não diferiu grandemente do último par de vezes que o trio se cruzou no meu caminho. A principal diferença reside no reportório, obviamente com o novíssimo Fade a merecer a parte de leão. Foi, por isso, e para tristeza dos adeptos das digressões sónicas que já fizeram o passado dos Yo La Tengo, um concerto mais centrado nas canções delicadas que têm povoado os últimos trabalhos. Nestas nota-se um progressivo depuramento, com os músicos, que vão alternando de instrumentos com relativo à vontade, a porem especial atenção em cada detalhe, extraindo das canções uma complexidade compositiva que, outrora, julgávamos impossível em bandas como os Yo La Tengo. A facção da ruideira teve de se contentar com um escasso trio de temas, cada um deles extraído de diferentes fases do desenvolvimento da banda. O mais recente foi "And The Glitter Is Gone", a já habitual longa jam de distorção aproveitada para o ensaio de alguns movimentos espasmódicos por parte de Ira Kaplan. 

Talvez acusando um certo empobrecimento em alguns temas do último trabalho, tudo por culpa da ausência dos arranjos de cordas que esporadicamente marcam presença nas versões de estúdio, o concerto, no seu todo, não deixa de merecer nota francamente positiva. É, inclusive, mais um atestado de que a fórmula que tem vindo a ser desenvolvida pelos Yo La Tengo, entre a ternura adocicada e as (raras) incursões pela rispidez sónica, se demonstra extremamente eficaz. Se assim não fosse, talvez as tais duas horas não tivessem passado num ápice.

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