"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 11 de março de 2013

(I Want To Go To) Chelsea














Embora os comunicados da altura fossem vagos quanto ao futuro, vários indícios levam-me a crer que a anunciada paragem dos Sonic Youth seja mesmo definitiva. Ora, se o principal motivo para tal foi a separação de Kim Gordon e Thurston Moore, não me parece que a banda faça sentido sem um daqueles dois membros fundadores, ambos, e por diferentes motivos, fundamentais. Além disso, é preciso não esquecer que este último tem dedicado muito do seu tempo à carreira a solo, agora mais preocupado com canções intimistas de cariz acústico, e menos com as descargas de distorção de outrora.

Porém, ainda parece existir em Thurston Moore a vontade de se reunir em bandas, apenas e só com o intuito de manter vivo o espírito punky e niilista que o moveu há mais de trinta anos. Esse espírito materializa-se nos Chelsea Light Moving, quarteto no qual se junta a músicos com currículo nos meandros do psych mais profundo. No entanto, o resultado de tal encontro, reunido num álbum homónimo, é um trabalho mais abrasivo e dissonante que qualquer um dos Sonic Youth editaram na última dúzia de anos da sua discografia "linear". Diria até que Chelsea Light Moving é uma espécie de súmula das diferentes fases do desenvolvimento da vida da mítica banda de Nova Iorque. Apesar de um par de temas remeterem para as introspecções recentes de Moore, os delírios guitarrísticos são a nota dominante. Assim, temos indie-pop de cariz noisy ("Sleeping Where I Fall" e "Alighted"), reminiscências da crueza hardcore (a versão de "Communist Eyes", dos Germs), interlúdios dissonantes dos tempos da no-wave ("Groovy & Lisa", "Lip"), abrasão de distorção e dreivações sludgy ("Burroughs"), e divagações spoken word ("Mohawk"). Sem trazer propriamente nada de novo ao currículo de Thurston Moore, que envolve uma contínua exploração das potencialidades de uma guitarra eléctrica, Chelsea Light Moving é a feliz constatação de que nele ainda sobrevive o entusiasmo que o leva a trazer o experimentalismo para meio pop/rock, para gáudio dos inúmeros adeptos de uma boa dose de "barulho".

Burroughs by Chelsea Light Moving on Grooveshark
[Matador, 2013]

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