"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Ao vivo #99

















The Underground Youth + Blaze & The Stars @ Caixa Económica Operária, 01/12/2012

Mancuniano de nascimento, o trio The Underground Youth é uma banda que, em termos de projecção, faz jus ao nome. A avaliar pela obra gravada já escutada por estas bandas, são uma das centenas (milhares?) que, nos tempos que correm, mimetizam os truques dos Spacemen 3, em particular pela via da repetição com vista à indução dos sentidos. Sem que se esperarem grandes novidades para o concerto do passado sábado, esperava-se, pelo menos, um punhado de temas de características lisérgicas, previsivelmente reforçadas na transposição para palco. No entanto, o trio troca as voltas (pelo menos a mim) e, sem renegar em absoluto a principal referência, aponta primordialmente para os igualmente tutelares The Velvet Underground, com pontos de contacto que vão além da própria música e passam também pelas projecções (talvez o melhor do concerto) e pela baterista aluna da escola Maureen Tucker. Quando investem em algum groove, denotam também afinidades com The Cramps que, caso fossem mais óbvias, roçariam o plágio. Para agravar o quadro, talvez impelida pela herança musical da cidade de origem, parece que o vocalista, que em disco opta por um tom inexpressivo e algo distante, se sentiu na obrigação de expandir o leque de colagens ao forçar o tom grave de um Ian Curtis, com tímidos ensaios de teatralidade incluídos. O resultado acaba por redundar, em vários dos temas, em algo próximo dos risíveis She Wants Revenge, algo que parece não desagradar à "brigada do negrume", parte considerável da assistência.

Igualmente seguidores dos Spacemen 3, os portugueses Blaze & The Stars, aos quais couberam as honras de abertura da noite, conseguem ser minimamente toleráveis quando enveredam pelos trechos instrumentais que, não acrescentando coisa nenhuma ao que já foi feito, revelam alguma destreza na manipulação da distorção. A porca torce o rabo quando o também trio inclui voz nos seus temas. Não sei se por limitações vocais, se por mera colagem a um certo "ícone" bracarense, o rapaz das vozes faz uso da manipulação via microfone de forma a soar àquela usada e gasta cantilena "tipo radiofónica". As letras, quando perceptíveis, aspiram à mesma verve poética do citado "ícone", algo que nos impressionaria se acaso tivéssemos 15 anos e nunca tivéssemos folheado um livro minimamente decente.

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