Se nos cingirmos unicamente ao ano corrente, é inegável que a figura de proa da tendência psych-garage que tem eclodido da costa oeste norte-americana seja o inesgotável Ty Segall. No entanto, o puto-maravilha ainda tem muito caminho a palmilhar para atingir o estatuto de John Dwyer, já com década e meia ao serviço do métier, tanto num número infindável de bandas, como sempre disponível para dar uma mãozinha aos amigos. Desde então praticamente omnipresente no "movimento", tem nos Thee Oh Sees a sua ocupação presente. De todos os projectos que já abraçou, talvez este seja o mais visível e, como todos os outros, é extremamente prolífico em matéria de edições discográficas.
Editado há cerca de três meses, Putrifiers II é já o décimo álbum de uma discografia que dá ameaça avolumar-se a qualquer instante. Por sinal, para uma banda com fama de cultivar a excelência em palco, desprezando a qualidade técnica em disco, é naquele em que o quarteto franciscano melhor explora as potencialidade de um estúdio. Consequentemente, o produto final é o seu disco mais límpido até à data. Espécie de súmula do caminho percorrido, Putrifiers II vem pejado de guitarras envoltas em fuzz, trips com sopros e órgãos em desalinho, canções convidativas à deriva mental, alguma sujidade e muita perversão, inevitáveis visitas à cave obscurecida dos Velvet Underground, e até incursões aos territórios do kraut (ver/ouvir abaixo). As vozes, alternando entre o grave e o falsetto, ficam quase em exclusivo a cargo de Dwyer, deixando, desta feita, Brigid Dawson praticamente remetida aos coros que abrilhantam o conjunto de canções mais dignas desse nome no reportório dos Thee Oh Sees.
"Lupine Dominus" [In The Red, 2012]
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