"Please don't think of us as an 'indie band' as it was never meant to be a genre, and anyway we are far too outward looking for that sad tag." - Stephen Pastel

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

It's the end of the world as we know it (and I feel fine)


"To our Fans and Friends: As R.E.M., and as lifelong friends and co-conspirators, we have decided to call it a day as a band. We walk away with a great sense of gratitude, of finality, and of astonishment at all we have accomplished. To anyone who ever felt touched by our music, our deepest thanks for listening." R.E.M. 

A notícia já era esperada, ou sobretudo desejada, não só por mim como por um enorme rol de devotos dos "outros" R.E.M. que não vislumbravam um fim para o penoso calvário de década e meia, especialmente agudizado com a saída do baterista Bill Berry, em 1997. Contudo, este longo período de franca seca de inspiração não belisca a reputação da banda de Athens, Geórgia, conquistada essencialmente durante os anos da "independência" dos idos de 1980, década em que constituíram o equivalente norte-americano aos britânicos The Smiths, em termos de consistência editorial e culto crescente junto de um público fiel.

Formados em 1980, só três anos mais tarde o R.E.M. se estrearam no lançamentos de álbuns. A estreia coube a Murmur, desde logo alvo de grande aclamação, ainda que algo imberbe no assimilar das referências dos Byrds e das raízes musicais estado-unidenses filtradas pelos ventos post-punk que sopravam de Inglaterra. Nos quatro discos seguintes, lançados à razão de um por ano, os R.E.M. haveriam de aprimorar essa fórmula única e muito pessoal. Com especial destaque para Reckoning (1984) e Lifes Rich Pageant (1986), ambos já alvo das recomendáveis edições comemorativas de 25.º aniversário e demonstrativos de uma banda em estado de graça. É neste período de maturação que a música se vai adensando numa discreta complexidade, e que Michael Stipe vai refinando a ambiguidade da escrita.

Com o crescente de popularidade, primordialmente originada nas college radios, chegou o assédio das multinacionais. O concurso pelos R.E.M. foi ganho pela gigantesca Warner Bros., para a qual se estrearam com o meritório, mas domado, Green (1988), disco já com considerável sucesso comercial. A consagração mediática definitiva chegaria com o desequilibrado Out Of Time (1991), privilegiado pela rodagem massiva do hit "Losing My Relligion" e pela abertura dos media, e consequentemente dos mercados, ao mundo "alternativo". No ano seguinte, a redenção com novo clássico: Automatic For The People, a obra-prima da fase crescida dos R.E.M.. Após a curiosidade Monster (1994), rendido a sonoridades mais duras e agrestes, o árido e desencantado New Adventures In Hi-Fi (1996) assinala nova subida de forma. Podendo prever o futuro, qualquer cidadão sensato terminaria aqui uma história com um final feliz. Assim não o quiseram Michael Stipe, Peter Buck e Mike Mills que, em trio sob os holofotes da fama, acrescentaram um longo posfácio que não interessa mencionar.

"Radio Free Europe" [IRS, 1983]

"So. Central Rain" [IRS, 1984]

"Fall On Me" [IRS, 1986]

1 comentário:

strange quark disse...

Concordo plenamente com o texto. Creio que como acontece com tudo, há um tempo certo para acabar. Não serão dos que se andaram a arrastar demasiado, mas se tivessem terminado um pouco mais cedo não se teria perdido grande coisa e, quiçá, talvez se tivessem ganho outras...