Em tempos que já lá vão, Indra Dunis e Aaron Coyes foram integrantes dos obscuros Rahdunes, banda drony a operar na área de São Francisco. Mudaram de poiso, para Madison, no Winscosin, casaram e, juntos, fundaram os Peaking Lights. Num primeiro trabalho, e ainda que a navegar em ondas de ruído, o casal demarcou-se do passado com uma proposta com aproximações à estandardização pop.
O corte definitivo com aquelas sonoridades acontece com o mais recente 936. Ainda que não se trate de um disco digerível por todos os tímpanos, o segundo álbum dos Peaking Lights é forte candidato a criar culto de crescimento gradual. Numa abordagem rápida e simplista, podemos atribuir-lhe adjectivos como "psicadélico" ou "exploratório". Porém, tal catalogação pouco diz da originalidade da sonoridade, construída a partir da sobreposição e repetição de notas esparsas de guitarra e texturas de sintetizadores "preparados" pelos próprios, e que assenta essencialmente em expressões da música jamaicana como o dub, ou até, mais subtilmente, o reggae. Os ouvidos mais atentos poderão ainda detectar um leve travo trendy da nova tendência chillwave, mas em dose tão diminuta que é mais tempero que ingrediente.
Fruto do crescente interesse por essa blogosfera especializada, 936 já valeu aos Peaking Lights uma pequena subida na escadaria das "independentes". Lançado originalmente em Março último por uma pequena editora, está agora a ser distribuído pela multifacetada Mexican Summer, na América do Norte, e pela Weird World (subsidiária da Domino Records) na Europa. Entretanto, há já a confirmação de que o terceiro trabalho, anunciado para os primeiros meses do próximo ano, terá selo desta última editora. Desta vez, desconfio, os rivais "sanguessugas" de bandas emergentes da 4AD deviam estar distraídos...
"All The Sun That Shines" [Not Not Fun, 2011]
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