THE PSYCHIC PARAMOUNT _ II [No Quarter, 2011]
Imerecidamente arredado dos destaques musicais da estação, este quarteto nova-iorquino rompe um silêncio de seis anos com um disco que é um claro passo evolutivo em relação ao debute. II espraia-se pelos meandros da música instrumental, na qual as guitarras se degladiam com as percussões, que tanto remetem para as escalas jazzísticas como para as propulsões kraut, alternando momentos pacíficos com descargas sónicas. Em teoria, poderíamos estar perante mais um projecto do mais estafado post-rock. Sucede que os Psychic Paramount trocam as voltas ao óbvio, dispondo os crescendos de forma casual e em duração variável. A ter de estabelecer paralelismos, prefiro remeter, salvas as distâncias melódicas, para as primeiras manipulações do ruído a golpes de guitarra de um Glenn Branca. [7,5]
TORO Y MOI _ Underneath The Pine [Carpark, 2011]
Projecto pessoal de Chaz Bundick, Toro Y Moi é uma das faces visíveis do chamado hypnagogic. Extremamente activo nos últimos tempos, privilegiou a via electrónica no registo do ano passado (Causeurs Of This). Substancialmente mais orgânico, este terceiro álbum destaca-se pelo bom punhado de temas que se deixam contaminar pelo disco e pelo funk "eléctrico", porém com subtileza e bom-gosto bastantes para não resvalar para o mero revisionismo. Contudo, no meio do borbulhar do frenesim destes ritmos, Bundick não enjeita os momentos de maior recolhimento, agora enriquecidos pela delicadeza de alguns apontamentos de guitarra. Ou até de texturas mais ásperas, como é o caso do frio metálico do intro que abre o disco. No final da fruição, fica no ar a sensação que, unidas as pontas soltas, este será apenas um passo seguro num trajecto em que o melhor poderá ainda estar para vir. [7,5]
WOODS _ Sun And Shade [Woodsist, 2011]
Com um ritmo de edições notável (sete álbuns desde a formação, em 2003), os Woods vão, com pequenas afinações na sua sonoridade, conquistando lugar de destaque na actual produção ianque. Quem conhece o par de discos imediatamente anterior já sabe o que Sun And Shade tem para oferecer: semi-baladas semi-psicadélicas estendidas sob um sol de fim de tarde, uma doce lazeira, e vozes nasaladas reminiscentes tanto de Graham Nash como de Neil Young. Não falta sequer a versão "obscura", desta feita por conta de "Who Do You Think I Am?", original de uns tais The Appletree Theatre. Mas eis que, no compromisso a meio caminho entre a folk e o lo-fi, o par de longos instrumentais irrompe abrindo novos mundos. O primeiro, "Out Of The Eye", deixa-se claramente enredar nas malhas do kraut. Já "Sol Y Sombra", substancialmente mais atonal, deriva progressivamente para a cacofonia velvetiana. Da conciliação da velha sonoridade com os potenciais corpos estranhos nasce, pasme-se, o mais conseguido e arrojado disco dos Woods. [8]
TY SEGALL _ Goodbye Bread [Drag City, 2011]
Outrora municiador de ondas de ruído gratuito, o californiano Ty Segall é mais um nome para juntar à falange dos putos-americanos-com-devoção-pelo-lo-fi-que-gravam-como-o-caraças à qual pertencem Nathan Williams (Wavves) e o malogrado Jay Reatard. Neste primeiro disco com algumas cedências à ortodoxia, porém, destaca-se dos seus pares com uma surpreendente maturidade pop. Construído quase exclusivamente à guitarra, com percussões rarefeitas, Goodbye Bread é um tratado de canções que destilam ennui juvenil. Ainda que gravado em condições precárias, faz disso uma mais valia em favor da pureza musical. Quando evoca, ao de leve, a berraria do passado recente (caso do brilhante "My Head Explodes"), Ty Segall parece ter encontrado a contenção adequada às pretensões de harmonia e catarse. E já que se fala em catarse, seria imperdoável não referir o não menos brilhante "I Am With You", pura declaração de desprezo, tanto pelo mundo dos pequenos como pelo dos graúdos. Talvez, tal como o outro e tantos de nós, Segall just wasn't made for these times... [8]
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